quarta-feira, maio 28, 2008

Só mais uma vez…

Permito-me a pensar-nos como um só mais uma vez…
Como teria sido ter-te para mim e dentro de mim?
Que me sussurrarias ao ouvido quando o êxtase tivesse completo e os nossos corpos começassem a relaxar enquanto a respiração entrecortada e profunda desacelerasse o batimento cardíaco?
Continuaríamos abraçados, colados, exsudados a sentir o arrefecimento do desejo há muito acumulado?
Na minha cabeça o caso já se deu vezes sem conta, nos locais mais variados e nos contextos mais comuns e, noutros, imaginários. Apenas as personagens se mantiveram as mesmas.
Por vezes doce e calmo. Por outras, selvagem e cru. Mas sempre, sempre, muito, muito “à nossa maneira”.
Luta desmedida pelo controlo. O ser dominador numa situação em que ambos querem ser dominados. A desadequação de não saber como reagir. O embaraço de corpos nus vistos pela primeira vez e palavras proferidas não pela boca mas pelo fogo que arde por dentro. As obscenidades que incendeiam a mente e liberta as correntes que nos tolhem a libido.
O querer ser mais… Tudo!
Temendo a desilusão da ilusão criada por palavras ditas e escritas.
A virgindade do primeiro toque. A candura do primeiro beijo. A inocência da primeira penetração.
Os sorrisos envergonhados após os primeiros gemidos. De dor… De prazer!
A vontade agridoce de querer consumir e ser consumido com a voracidade de uma alcateia de lobos esfaimados.
Morder! Beijar! Lamber!
Degustar o sabor a sal da transpiração. Dos cantos e recantos de corpos descobertos mas com tanto por ainda descobrir… Novos e surpreendentes paladares!
Que se lixe! Pensar-nos-ei como bem me aprazer uma e outra vez!

terça-feira, maio 27, 2008

A mala da Zara

Como os homens estão casa vez mais vaidosos!
Acabou-se o velho hábito da carteira que vincava os bolsos de trás… Ou o maço de tabaco à vista no bolso da frente da camisa. Ou então, o maço, a carteira, o telemóvel e as chaves de casa e do carro tudo na mão que deixavam cair a uns meros dois passos da mesa do café…
A metrosexualidade é algo que os verdadeiros machos latinos começam a entender mas com a qual não querem ser rotulados. Este último receio deve-se à ideia de que um metrosexual é um homem que é gay mas que ainda não sabe…
Convenhamos que é preciso ter paciência para aturar estes seres básicos…
Vejamos, quando éramos nós, mulheres, que demorávamos eternidades a nos arranjar para sair de casa, não havia piadola mais usada aquando dum atraso dum casal.
Agora demoram mais eles. Com cremes para a cara, para as mãos, produtos para a calvície, a máquina que corta os pêlos do nariz e das orelhas. Para além disso há o, óbvio, fazer a barba e cortar as unhas. As 10! Nada de deixar a garra pontiaguda no dedo mindinho.
Por mim, acho que fazem senão bem em experimentar outras cores de calças, comprar bolsas para levar os objectos que transportam todos os dias e tomarem conta deles próprios.
Desde que as escolhas sejas feitas com bom gosto e haja uma mulher por perto para se certificar que as cores conjugam, não há nada a temer…
Estar aprumado, bem vestido e limpinho não faz de deles gays, mas fisicamente mais atraentes. Além disso, sentem-se melhores com eles próprios.
Cá para mim que foge à rotulagem de metrosexual, tem algumas questões da sua própria sexualidade por resolver.
Quando nos sentimos bem com a nossa sexualidade até beijar pessoas do mesmo sexo conseguimos sem que com isso nos sintamos sexualmente baralhados…
Vá meus senhores, tomem conta de vocês que é assim que, nós senhoras, gostamos de vos ver. Arranjadinhos e bem-cheirosos.

segunda-feira, maio 26, 2008

Spineless

Traduzido à letra quer dizer sem coluna vertebral. É como me sinto hoje. Desmotivada e pusilânime.
Como Atlas, incapaz de sustentar o peso que carrego nos ombros e, por isso, fito o chão em vez de olhar para o horizonte.
Quero andar com a minha vida para a frente mas existem nós por dar e assuntos pendentes que ao não serem resolvidos impedem-me de prosseguir.
Uma vontade imensa de fugir a estas questões e a tudo o resto assola-me nestas horas de solidão e isolamento.
Penso, repenso e volto a pensar. Analiso as melhores resoluções. As que irão trazer menos sofrimento quer a mim quer aos outros mas não consigo. Nem sei qual o meu propósito… Se devo projectar para melhorias a curto, médio ou longo prazo.
Estou tão cansada. Mas tão cansada.
Perdi o interesse em tudo e começa a ser também aplicável a todos.
Tal como este texto, estou uma bela merda...

domingo, maio 25, 2008

Aniversário



É verdade. Comemorei o meu 28º aniversário no passado dia 22. Este dia reservei-o para a minha família. Os amigos jantaram comigo na noite seguinte. Foi um fim-de semana prolongado de sonho e grande alegria. Agora fica a ressaca de já não ter comigo todos os que adoro durnate mais um ano...


Naõ me apetece escrever, nem falar, nem ouvir, nem nada. Por isso, deixo que os sentimentos de outro falem por mim.





No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,


Eu era feliz e ninguém estava morto.


Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,


E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.





No TEMPO em que festejavam o dia dos meus anos,


Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,


De ser inteligente para entre a família,


E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.


Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.


Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.





Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,


O que fui de coração e parentesco.


O que fui de serões de meia-província,


O que fui de amarem-me e eu ser menino,


O que fui — ai, meu Deus!,


o que só hoje sei que fui...A que distância!...(Nem o acho...)


O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!





O que eu sou hoje é como a umidade no corredor do fim da casa,


Pondo grelado nas paredes...


O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhaslágrimas),


O que eu sou hoje é terem vendido a casa,


É terem morrido todos,


É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...





No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...


Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!


Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,


Por uma viagem metafísica e carnal,


Com uma dualidade de eu para mim...


Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!





Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...


A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,


O aparador com muitas coisas — doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,


As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,


No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...





Pára, meu coração!


Não penses! Deixa o pensar na cabeça!


Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!


Hoje já não faço anos.


Duro.


Somam-se-me dias.S


erei velho quando o for.


Mais nada.


Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...





O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...








Álvaro de Campos

segunda-feira, maio 19, 2008

Saudade

Estes dias que estive fora senti a falta de muitas coisas… Acho que todos somos assim… A determinada altura ansiamos pelas nossas comodidades e rituais.
Mas tenho uma boa capacidade de adaptação e o que carecia, substituía com algo que em casa, por norma, não tenho.
Mas a privação da presença de determinadas pessoas jamais foi substituída pela presença de outros. Adorei a companhia nos 5 dias mas necessitava da voz e calor da minha mãe.
Ao afastamento de uma pessoa em particular pensei já me ter habituado. Os silêncios prolongados começam a surtir o seu efeito com o tempo, não é? Pois não. Infelizmente, não é. Continuo numa luta desmedida contra as saudades que tenho de conversar e trocar ideias com alguém que me é muito especial.
Que grande maldade é nos baixarem as defesas e depois não estarem connosco para nos proteger dos ataques…
Bem sei que tenho mais do que idade de lutar as minhas próprias batalhas e ganhar as minhas guerras mas, caramba, sem a fortuna do meu lado, sem a muralha e fosso, sem sequer uma leve armadura, pouco faltará para ser ferida de morte!
Dizia há dias a um amigo que o maior erro é viver a vida duma forma iconográfica. Sempre tive em mim essa tendência. Conhecia alguém que considerava ser sobre-humano e lá punha eu o dito ser num pedestal lá no alto. Pois a velha regra da física de que tudo o que sobe, tem de descer prova-se porque quanto maior é a minha consideração pela pessoa maior é desilusão, improrrogável, que se segue.
Estas situações aconteceram muito durante a minha infância e adolescência mas tantas vezes vai o cântaro à fonte que um dia lá se quebra e depois de inúmeras “cabeçadas” lá criei as minhas defesas.
Passaram-se anos e nada de ícones. E que bem que me sabia não ter de lidar com desilusões e sensações de sentimentos empregues em quem não os merece.
Partiram-me a pedra e deixaram-me a sofrer de saudade…

Voltei

Depois duma ausência mínima, cá estou novamente.
Andei a passear pela capital. A ideia era mudar de ares para conseguir ter um pouco de clareza para voltar a ser eu…
Companhia de amigos extraordinários; visitar família por mais de um par de horas; ouvir, pela primeira vez, a voz duma amiga de algum tempo; mudança de cenário; ver teatro no D. Maria II; ir passear a Oeiras, Baixa, Bairro Alto, Belém, Gulbenkian, C.C. Vasco da Gama, Fnac, etc…
Em qualquer sítio que fui e perante as pessoas que reencontrei fui tratada com carinho e senti-me querida por todos. Anos passaram e a cumplicidade continua como se nos tivéssemos visto no dia anterior.
Tudo isto fez-me muito bem mas, infelizmente, não me encontrei. Podemos mudar de sítio mas as questões e dores seguem-nos…
Claro que ao estar distraída não pensei tantas vezes nas coisas que me afligem e tive perspectivas diferentes e deveras interessantes de como viver bem com quem somos. Ou melhor, com quem nos tornamos.
Contudo a luta interna continua e sinto que não tenho a quem recorrer. Muito daquilo que sou, de que me tornei, é-me difícil de digerir e aceitar em mim.
Por vezes gostava de ser outra pessoa. Viver “na pele” de outrem, só para saber como é não ter pensamentos a correr a 1000 na cabeça; como é gostar de nós próprios; como é não levar a vida tão a sério; como é não nos odiarmos…
Mas isso é utópico e infantil. Tenho de aprender a relativizar as coisas e a lidar com a mágoa duma forma mais madura…
Enfim, voltei mas estou na mesma…

terça-feira, maio 13, 2008

Dói-me a alma

Litania


Nós nunca nos realizamos.
Somos dois abismos - um poço fitando o Céu.

Bernardo Soares



Tabacaria

(…)

Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim…Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo
Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando?
Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas -Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -,
E quem sabe se realizáveis,
Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente?
O mundo é para quem nasce para o conquistar
E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez.
Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo,
Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu.
Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda,
Ainda que não more nela;
Serei sempre o que não nasceu para isso;
Serei sempre só o que tinha qualidades;
Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta,

(…)

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente

(…)

Sempre uma coisa defronte da outra,
Sempre uma coisa tão inútil como a outra,
Sempre o impossível tão estúpido como o real,
Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície,
Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra.

(…)

Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los
E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos.
Sigo o fumo como uma rota própria,
E gozo, num momento sensitivo e competente,~
A libertação de todas as especulações
E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto.
Depois deito-me para trás na cadeira
E continuo fumando.
Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando.

(…)

Álvaro de Campos


A Morte

A morte é a curva da estrada.
Morrer é só não ser visto.
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.

A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.

Fernando Pessoa

Exercício mental…

Pois é, a minha querida BC continua a desafiar-me para estes pequenos testes de auto-conhecimento. Sendo uma pessoa bastante introspectiva devo dizer que estes desafios divertem-me imenso e é com imenso gosto que “danço a valsa”.

O DESAFIO:

"São-nos pedidas seis palavras para uma curta "muito curta"biografia (há quem opte por um conceito) e podemos dar-lhes ênfase com uma imagem a condizer. Devemos colocar um link para quem nos desafiou e por nossa vez desafiar mais cinco blogues, avisando-os deste mesmo convite á valsa".

A frase que mais me define, de momento, será sem dúvida: In maledicto plus injuriae quam in manu. (Saram cutiladas e não más palavras).

Opto por pôr a frase na sua língua de origem de forma a mostrar que os clássicos sabiam já a importância da palavra escrita ou dita.
Neste empreendimento de conhecimento e melhoramento de mim própria cheguei à conclusão que existem, realmente, palavras que nos marcam para a vida e, por mais que tentemos, ficam tatuadas em nós.
Existe uma expressão em inglês que diz: “the feather is mightier than the sword”. Grosso modo quer dizer que existe mais poder na palavra escrita do que na espada.
Para além destes dois exemplos existem, com certeza, um sem número de frases e provérbios que retratam o mesmo.
Tudo isto para dizer que aprendi a ser mais cautelosa com aquilo que digo e escrevo e que, também, aproveito a escrita para, muitas vezes, fazer ver aos outros aquilo que me custa verbalizar.

Que venham mais desafios para me desentorpecer a massa encefálica. LOL

Um grande beijinho BC

segunda-feira, maio 12, 2008

O Coração

Nunca fui muito de clichés ou de lugares comuns. Sempre rejeitei a visão da racionalidade se representar pelo cérebro e as emoções pelo coração. O coração é somente um músculo que bombeia sangue pelo corpo de forma a manter-nos vivos.
Sim, bem sei que é o recurso a uma imagem romantizada e literária para afigurar a distinção entre o que pensamos e o que sentimos.
Mas se literalmente o coração partisse eu estaria, com toda a certeza, morta.
Ainda sou relativamente jovem e já tive de passar por alguns dissabores ao longo do tempo. Talvez daí advenha a minha personalidade quase bipolar. A minha capacidade de agir e expressar-me como um ser de idade avançada e, por outro lado, a minha flagrante infantilidade e naivitë em relação a muitos aspectos da vida.
Perante as mais difíceis decisões da minha vida fui uma verdadeira guerreira e dei sempre um passo em frente em vez de virar costas e fugir. Na verdade esta última hipótese era amiúde a minha vontade. Estava apavorada e não queria a responsabilidade que me impingiam.
No entanto, não me arrependo. Arrependo-me sim, de decisões que não tomei e às quais fugi há muito pouco tempo. Perseguem-me diariamente os “se’s”. Se eu tivesse dito que sim… Se eu tivesse ido em frente… Se não tivesse tido medo… Se, se, se, se…
O meu coração está mesmo partido. E caramba como dói e tem doído estes meses. Às vezes ainda dou por mim a chorar e a lamentar as coisas que não fiz. O coração está partido à mesma e não ganhei nada com isso. Nenhuma nova experiência. Nenhum novo ensinamento. Nenhuma nova perversão.
Apaixonar-me é das coisas mais raras que me acontece. Quase 30 anos volvidos aconteceu-me apenas 2 vezes.
Na primeira situação guardo apenas a pena de não ter resultado.
Da segunda vez ainda vou recolhendo a dor de ter sido pela pessoa errada. Não por ser má pessoa mas por não ser recíproco e por uma panóplia de complicações adjacentes a uma pseudo-relação. Agora veio a gota que fez transbordar o copo. A mãe de todas as razões para que nunca haja uma forma de eu estar junto do homem que, continuo a crer, ser o da minha vida.
Mas é mesmo assim, não é? Encontramo-nos em quem menos esperamos mas por vezes é um desencontro.
Aceito por não ter outro remédio mas sei e com a certeza de todos os átomos do meu corpo que, tendo havido uma hipótese, teria sido maravilhoso…
Por ora resta-me esperar que venha alguém à altura para preencher o espaço que o homem da minha vida ocupa no meu coração…

sábado, maio 10, 2008

O Abismo


Há quem diga que quanto mais o contemplamos mais impelidos nos sentimos a deixarmo-nos cair lá para dentro… Isso dizem eles. Eu digo que se tal situação ocorresse esticaria os braços e lançar-me-ia sem medos lá para dentro.

Não é o que os americanos dizem? Live fast, die young, and leave a beautiful corpse…
Mórbido? Mórbido é viver cada dia numa agonia querendo que a dor cesse. A interna, a física, a emocional, as questões que gritam tão alto na nossa cabeça que nos congelam o raciocínio.
As vozes que aconselham de fora que nos guiam para cada ponto cardeal que lhes parece o mais adequado. Tentando ouvi-las todas porque as amamos andamos à volta que nem baratas tontas à procura da felicidade que nos parece escorrer entre os dedos como a areia na praia. O que fica são grãos… Insignificantes grãos que sacudimos porque nos incomodam entre os dedos e são ásperos ao toque.
Não sou eu que vivo a vida. É a vida que me vive a mim. Tudo o que me corrói não tenho como resolver. Por isso passo os dias deixando que a vida me viva. Quando deixar de se divertir à minha custa, talvez me guie ao abismo.

quarta-feira, maio 07, 2008

Morreu a Fantasia

Mas e se eu já te disse que não sou dessas coisas.
E também te disse que apenas tu me levaste a distraidamente sonhar acordada vislumbrando uma consumação platónica.
Os nossos corpos molhados crispando em conjunto enquanto faíscas se libertavam a cada nova investida…
As minhas mãos percorrendo as tuas costas enquanto a tua língua procurava os sulcos do meu corpo…
A cada beijo o rugido das labaredas do desejo de nos consumirmos por inteiro.
Mas essas, as fantasias, já lá vão.
Sucumbiram às responsabilidades e promessas mudas de se ser adulto.
Como tal, adulta, resigno-me ao meu estado de sonhos, apenas e só, nocturnos.
Daqueles que não serão pecaminosos ou de má índole por não sermos nós que os comandamos.
Foi aí, quando me tornei adulta, que morreu a fantasia…

Bife!?!?!?!?

Não chegavam as dúvidas que já tinha em relação à vida, eis que surge mais um enigma para ser resolvido.
Foi-me dito por um perito na matéria que nunca atingirei a felicidade se não encontrar o meu “eu” espiritual.
Sendo ateia há mais de 10 anos devo dizer que me fez uma imensa confusão porem esta premissa novamente na minha vida. Fui aconselhada a ler os evangelhos para depois, a partir da minha inteligência, tirar de lá as minhas conclusões…
Eu já os li há muitos anos quando comecei a duvidar da minha fé. Para além da Bíblia, li o Corão, o Tora, o Talmude e os princípios básicos de Hinduísmo e Budismo.
Achei que se era para recuperar ou perder a fé teria de ser a partir de conhecimento e não um capricho de adolescência.
As conclusões que tirei na altura é que a religião tem tanto de bom como de mau e que Deus não era senão uma manifestação da necessidade que temos como seres racionais de responder a questões que não têm, para já, resposta.
Há não muito séculos acreditava-se que o sol girava à volta da Terra e que o nosso planeta seria plano. Galileu sofreu as consequências da heresia de provar o contrário.
Tenho para mim que os grandes mistérios do nosso tempo serão respondidos, a seu tempo, pela lógica e pela ciência. Claro está, outros surgirão e a necessidade de um ente externo a nós estará sempre presente.
Terem-me dito para procurar a fé foi como depois de 10 anos de ser vegetariana me dizerem para comer um bife…

sábado, maio 03, 2008

Só 6?!

Aceitando o desafio, que me fez esboçar um sorriso, da minha amiga BC fiquei incumbida de deixar aqui 6 aspectos meus (particulares, peculiares ou característicos).
Ai céus! Só 6??? Mas e se toda eu sou particularidades, peculiaridades e características muito sui geniris????
Considero-me, assim como me consideram os meus mais próximos amigos, o que se chama um “odd ball”. Digamos que à falta de melhor definição, destoou um pouco dos demais.
Então num, não muito pequeno esforço mental, tentarei nomear o que de mais “estranho” há em mim.
Assim sendo:

1- Sou uma pessoa de extremos. Em tudo o que faço e sinto. Infelizmente isso transita até para a minha maneira de estar diária pois consigo ter mudanças de humor repentinas e inesperadas de um momento para o outro, deixando os que me rodeiam, e a mim própria, exasperados…

2- Sou mimada. Imensamente. Quero as coisas à minha maneira e rapidamente. O que me leva à característica seguinte…

3- Imaturidade. Sim, verdade. Ainda muito agarrada ao cordão umbilical, tenho momentos menos felizes que deixo que a criancice se sobreponha ao bom-senso e depois é ver aqui a menina a desfazer-se em desculpas pelas asneiras que tinha prometido a sim mesma não repetir.

4- Brejeira. Espantem-se os leitores que não me conhecem pessoalmente. Sou conhecida por dizer umas asneirolas valentes quando me encontro à vontade com os meus amigos, assim como, fazer piadas de muito mau gosto (embora sejamos honestos, são os que nos fazem rir até ao chorar) alto e bom som em sítios públicos.

5- Talvez não no mesmo patamar que a minha querida BC mas sou realmente bastante sensível e sofro bastante embora, maioritariamente, para mim e em silêncio. Será por isso que a maioria que me conheço me aponte uma força que, na realidade, não existe.

6- Sou verdadeiramente apaixonada pelos animais. De todas as formas e feitios. Desde repteis aos, muito adorados parentes, mamíferos. Até consegui enfrentar um medo de criança pegando e acariciando uma tarântula. Tenho sempre em conta que se eu os temo, eles sentem muito mais medo que eu e, além disso, os animais não magoam por gosto. O mesmo não poderá ser dito de nós humanos…

E pronto. Assim de repente é o que me ocorre. Se tivesse de fazer a listagem exaustiva não seria um post mas sim um blog inteiro…
Um beijinho grande para a minha amiga de afeições BC.