Bem, já lá vai quase um ano que não escrevo no blog. Como é estranho o sentir... Partes deste ano parecem ter passado tão rápido contudo, outras existem que, em poucos meses, vivi novas vidas.
Este tempo todo não foi preenchido por um vazio completo de expressão literária. Escrevi em verso. De rajada como quem purga todos os seus pecados antes de enfrentar a decisão final.
Não postei os poemas nem os partilharei pelo blog porque são de uma dureza e crueldade que, mesmo notória na prosa, intensificou-se – leia-se refinou-se – na necessidade de transmitir muito em poucas palavras.
Estou uma pessoa diferente da Renard que tanto vos cativava. Longe vão os dias de raposinha que encantava pelo amor à humanidade e pelas questões existenciais que ininterruptamente lhe rasgavam o peito e destruíam a alma. Está feito. O capítulo acabou e comecei outro na certeza de que não sei e, provavelmente nunca saberei, as respostas àquelas perguntas.
Aprendi que nada aprendo e que não existe sempre, nunca, jamais, etc.
O que verdade é hoje, amanhã é crime emocional! Nunca saberemos viver porque evolve constantemente e é impossível delimitar estratégias ou comportamentos padrão para serem utilizados em “situações daquele tipo”. O mais provável é, embora inicialmente similar às outras, acabarão com uma séries de outras premissas em mãos que vos obrigará a desfazerem completamente todo e qualquer conceito feito dogma em nós.
Acabei por deixar de sentir necessidade de sublimar a dor e angústia que me perseguem porque os aceitei como meus e eternos. Já não vou divagar ou questionar o que metamorfoseia a uma velocidade maior da que, de momento, consigo pensar.
A verdadeira “dor de pensar”... Ficar com dor de cabeça por falta de capacidade de raciocinar à velocidade a que me atiram as peças que compõem o puzzle que começa e finda a cada dia. Sim... Agora vivo um dia de cada vez. Não por inteligência, sapiência ou maturidade, mas mesmo por não conseguir visualizar a vida mais de um dia de cada vez.
1º desafio: levantar-me da cama de manhã. Uma autêntica tortura física, emocional e espiritual que me parece sempre desnecessária;
2º desafio: chegar à hora do almoço com a capacidade de voltar ao trabalho depois de ter relaxado;
3º desafio: chegar às 18h sem ter as dores ao nível do enjoo físico;
4º desafio: conseguir levantar-me do sofá antes das 23h30 que é a hora de deitar...
E assim se repete. E assim vivo. E assim penso.
A pergunta impõe-se de forma gritante: Para quê?