Referes-te a uma das tuas professoras de liceu como mestre por te ter engrandecido incutindo-te o prazer de saborear obras literárias.
Pois é, coincidência ou não serem ambas mulheres, também eu tive uma mestre. Ou, melhor, mentora.
Não ta vou descrever porque a pessoa em questão sabe exactamente o que sinto por ela e a influência que teve na minha vida e no desenvolvimento da minha personalidade. Uma mãe longe de casa. Uma confidente. Uma Amiga. Uma consciência que me ia guiando e que, para bem ou para mal, sempre me pôs no meu lugar. Acreditou em mim quando eu perdi a fé e impelia-me sempre a ser melhor. Desiludi-a. Sei que o fiz. As esperanças que depositou em mim ficaram aquém do que, por fim, demonstrei ser.
Falhei, identicamente, no que concerne à minha amizade para com ela. Sempre me deu mais do que recebeu e a minha dívida para com ela será eterna.
Por me ter “apresentado” José Régio; por ter ouvido o que tinha a dizer, embora muitas vezes desprovido de qualquer interesse porque era uma miúda cheia de ilusões; por me ter aturado quando, claramente, não estava com a mínima paciência; por ter rido comigo; por me consolar quando chorava por uma qualquer razão insignificante;
Enfim, por ser a pessoa que é: OBRIGADA.
Negligenciei-a durante muito tempo. Não por não me lembrar dela, que acontece com frequência, mas por vergonha. Queria voltar a falar com ela quando fosse alguém com motivos de orgulho e dizer-lhe:
- Foi uma parte significativa daquilo que me tornei!
Infelizmente, esse momento tarda em chegar e a necessidade da sapiência da minha mentora aumenta significativamente.
Sabes, de certa forma, são parecidos. Sabem o que me dizer e quando me dizer. Têm a minha total e incondicional admiração. Compreendem-me sem me julgarem. E tentaram, os dois, que me tornasse, superior àquilo que, por norma, demonstro ser.
Tão simplesmente, ganharam o meu amor. Deixaram um cunho na minha existência. E se algum dia chegar a ser “grande” como me dizes que serei, terão a vossa quota-parte de “responsabilidade”.
Gostava de ser como vós. Tocar a vida das pessoas duma maneira que só os mestres conseguem. Experimentar a vida dum patamar superior.
Mas não seria Mestre. Jamais serei Mestre. O que a vida me tem ensinado, não se devo partilhar com os outros.
Mestria? Deixar com quem nasceu para a praticar.
quinta-feira, novembro 29, 2007
Mestre
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