sábado, agosto 30, 2008

O sítio onde Deus Morreu

A casa está escura e em silêncio. As paredes falam. Sussurram frases e palavras soltas de que a minha história é feita.
A tinta transpira a voz dele a ecoar no corredor quando clamava ajuda durante a noite. O barulho do arrastar dos pés de quem se levantava, noite após noite, para o acudir.
Aqui deitada, passados 13 anos, ainda me lembro dele deitado na cama de hospital a pedir clemência com os olhos. Que lhe tirassem as dores e o deixassem partir.
Hoje, ao passar no mesmo corredor de há 13 anos repleto de pessoas perdidas em si mesmas, ela diz-me:
- Foi aqui que ele acabou…
Eu sei. Já sabia. Estava lá. Mas ela não se lembra. Esquece tudo num ápice, repetindo incessantemente as histórias e perguntas com a mesma vontade e curiosidade de quem ainda não obteve resposta.
Engoli em seco e acedi com a cabeça. Custa-me falar dos últimos anos. Prefiro quando me conta pela centésima vez como se conheceram no eléctrico e passados 5 meses estavam casados. A centelha de orgulho nos olhos humedecidos quando relata que ele dizia que se voltasse atrás casaria com ela, sempre!
O orgulho de ter amado e sido amada como poucos foram!
Pejada de memórias num corrupio na minha cabeça cansada, arrasto-me silenciosamente, durante a noite, pela casa. Onde vivemos deixamos sempre parte de nós. De quem fomos quando habitamos aquele espaço. E ele deixou as suas “migalhas” que causam melancolia e saudade…
As barras no corredor que dá para a cozinha. Mandaram por quando ainda havia a esperança que voltasse a andar. Nunca o consegui embora tenha tentado com as poucas forças que lhe restavam…
Amava-o! Muito! Admirava-o como a ninguém! E, desde que nos deixou, ficou parte de mim por preencher.
No entanto, no fim da sua vida desejei-lhe a morte. Com todas as minhas forças pedia mentalmente que desistisse duma vez e acabasse com o sofrimento e tivesse, finalmente, algum sossego.
Merecia melhor do que a morte que teve. Para alguém que viveu uma vida tão válida, o pior castigo foi ter ficado inválido!
Deus morreu nesta casa.

domingo, agosto 24, 2008

Mais uma ausência

Caros amigos da Tribo:

Para não se preocuparem com a meu súbito silêncio, passei aqui para dizer que irei passar uma semana em Lisboa. Infelizmente, não se trata de uma temporada de paródia mas a necessidade de ir acompanhar a minha avó que começou radioterapia e se encontra desanimada e com dores. Assim sendo, irei fazer-lhe companhia e aliviar a carga da minha tia que vive com ela.


Um beijinho a todos

sexta-feira, agosto 22, 2008

Home sick

Ao ler o post da 1/4 de fada lembrei-me do primeiro disco de vinil que ouvi até estar tão riscado que o cantor fazia RAP sem querer.
Trata-se do albúm Graceland de Paul Simon.
Com muito orgulho deixo-vos a primiera música que soube cantar de cor aos 5 anos e ainda hoje sei... Além disso, continua actual e tem o ritmo da minha terra!

quinta-feira, agosto 21, 2008

As Fotos



A Casa Batilló



A Sagrada Família




O apartamento na Pedrera - Estavamos com "fomeca"




Os Primórdios dos DJ's

The Three Amigos na Pedrera




The Three Amigos do Barcelona – Part 2

Ok, continuação do relato…

No segundo dia acordamos cedinho (09.30) e fomos de metro até à Pedrera. Este edifício é um dos mais importantes no que se refere a Gaudí.
É um prédio de apartamentos desenhado por ele e, na minha opinião, o mais bonito que vi. Gaudí explorava a geometria de forma a conseguir ter uma estética diferente dos demais. Por exemplo, para contrariar a ideia pré-concebida do arco já conhecido, ele inverteu o arco dando um efeito completamente diferente aos tectos. Chama-se o arco parabólico. Imaginem uma corda pendurada pelas duas pontas no tecto. A forma como pende é um arco parabólico. A influência maior do Arquitecto foi a corrente gótica. Logo, os arcos eram uma das características mais importantes dos edifícios. Mas para ele, as formas perfeitas estavam na natureza onde ele ia buscar a sua inspiração. “A linha recta é do homem, a curva pertence a Deus…”, dizia ele…
Posto isto, fomos visitar um apartamento que contém móveis originais do século XVIII. Dá-nos uma ideia bastante clara de como vivia uma família de classe média-alta naquela altura.
Depois fomos a pé até a Sagrada Família. Como se sabe, está por acabar. Diz-se que serão necessários 150 anos e milhares de artistas para conseguir decifrar e levar a cabo os desenhos deixados por Gaudí. O projecto final terá em altura o dobro daquilo que tem hoje. Verdade… O Sr. não fazia as coisas por menos… Era tão cioso das suas obras que em 1926 estava a admirar a sua Catedral e foi atropelado por um eléctrico… Acabou por falecer no hospital dias depois…
Gostei muito da Catedral. Se por um lado o nascimento de Cristo está retratado duma forma comum numa das faces do edifício, por outro, a sua morte está futurista. Se se olhar com cuidado percebe-se que os guardas que levam Cristo parecem-se com o Darth Vader da Guerra das Estrelas. Para aqueles que acreditam que Cristo era extraterrestre, Gaudí dá-lhes razão!
Não entramos na Catedral por acharmos que estando cheia de andaimes e o camandro, não valia o dinheiro… Ok pronto, tivemos de poupar nalgum lado… Somos jovens e pobres….
Fomos dar uma vista de olhos à casa Batilló onde não entrámos por acharmos que não seria muito diferente da Pedrera… Ok, somos somíticos…
Finalmente fomos para a praia. Já deviam ser umas 5 da tarde e estávamos cheios de calor, cansados, transpirados e a cheirar mal… Pelo menos os rapazes, porque uma mulher nunca cheira a “sovaco”!
Bem, nunca vi tantas mamas na minha vida. Os rapazes diziam estar no céu. Eu sentia-me demasiado vestida com a parte de cima do biquíni… Mas mantive o nível e não o tirei…
Dormi uma bela sesta na praia e depois lá fomos rumo a casa.
Depois do jantar fomos para as Ramblas novamente… Para além de alguns artistas de rua, não houve nada de especial a registar…
E pronto, o capítulo 2 está escrito…. Divirtam-se com as fotos…
As partes “suculentas” ainda estão para vir… Até aqui estávamos todos bem comportados… Quer dizer, mais ou menos… HEHE

quarta-feira, agosto 20, 2008

The Three Amigos do Barcelona – Parte 1

Pois é, ganhei coragem e vou começar o relato da minha semana fenomenal em Barcelona.

No primeiro dia chegamos às 15h de cá, 16h de lá. Fomos até casa deixar as malas e preparamo-nos para ir às compras de mantimentos para a semana. Ficamos em casa duma amiga do Gigante que fica, convenientemente, na Praça da Universidade (a 10 minutos das Ramblas).
Lá fomos nós Rambla abaixo à procura de alguma coisa que se assemelhasse a uma grande superfície… Depois duma horita à procura lá encontramos um Carrefour onde acabámos com um carro de compras a abarrotar de comida e aquelas coisas obrigatórias como ambientador de casa-de-banho. Na caixa pensamos que íamos pagar qualquer coisa como 500€, já que, aqui no Continente de Leiria, paga-se 150€ por três ou quatros sacos de compras. Já estávamos a transpirar e a fazer contas à vida… O grande total foi de …. 149€!!!!! É verdade! Muito mais barato que aqui. Até porque compramos carne e fruta o que é das coisas mais caras. Ficamos muito mais aliviados… Mas por pouco tempo…
Tendo em conta que estávamos carregados de leite, sumos e afins, o peso dos sacos e do carrinho de compras (daqueles com rodas) era muito preocupante. O supermercado ficava a uns 15 minutos de casa. A andar bem e sem peso. Eu arrastei o carrinho e a mim própria uns 30 minutos até casa. Estava um calor abrasador! A determinada altura estava com uma cara tão lixada que as pessoas afastavam-se de mim no passeio. Custou tanto, mas tanto… Enfim, o que tem de ser tem muita força!
Lá chegamos a casa que tinha ar condicionado! Saímos do Inferno que era a rua e entravamos no Pólo Norte… Era um alívio que nem vos conto…
Depois foi arrumar tudo e eu fui dormir a sesta. Já não tenho idade para estas provações…
Os rapazes foram dar uma volta… Ver as “vistas”…
À noite fomos jantar a um restaurante/tasca. Não sei o que se passa com os pimentos espanhóis. Olhem bem para a foto abaixo e digam-me se aquilo é algo que se coma ou um contraceptivo?!
Depois fomos até às Ramblas e os rapazes acharam os copos de sangria apelativos. Eu, como pessoa medicada que sou, fiquei pela água. Realmente os copos tinham bom aspecto… Quando veio a conta de 10€ cada copo, o bom aspecto desvaneceu-se com uma rapidez que nem vos digo…
Bem, este dia foi assim sem grandes percalços ou aventuras. Esses vêm nos dias seguintes…
Me aguardem…

quinta-feira, agosto 14, 2008

Estou de volta!

Olá a todos! Cheguei na 3ª-feira e estou bem de saúde. Barcelona é linda e tem tudo para uma férias espectaculares: cultura, praia e diversão.
Ainda estou a “ressacar” da viagem e, por isso, ainda não comecei a contar as minhas aventuras… Mas prometo que assim que me sentir capaz, não deixarei um detalhe de fora!
Beijo para todos

domingo, agosto 03, 2008

Viva Espanha

Tribo:

Vou-me embora outra vez. Desta feita vou visitar pela primeira vez a cidade de Barcelona. Na companhia de dois amigos, vou divertir-me à grande.
Tenho tido saudades vossas mas sei ser normal este mês ser o da ausência de muitos.
Tenham todos umas óptimas férias onde quer que estejam. E se ainda não estiverem de férias, tenham calma que hão de chegar!

Beijos, abraços, sorrisos, chá e carpe diem tribais!

sábado, agosto 02, 2008

Tribo de Afectos - Hino?




"I Believe I Can Fly"

I used to think that I could not go on
And life was nothing but an awful song
But now I know the meaning of true love
I'm leaning on the everlasting arms
If I can see it, then I can do it
If I just believe it, there's nothing to it

I believe I can fly
I believe I can touch the sky
I think about it every night and day

Spread my wings and fly awayI believe I can soar
I see me running through that open doorI believe I can fly
I believe I can fly
I believe I can fly

See I was on the verge of breaking down
Sometimes silence can seem so loud
There are miracles in life I must achieve
But first I know it starts inside of me, oh

If I can see it, then I can do it
If I just believe it, there's nothing to it
Hey, cuz I believe in me, ohIf I can see it, then I can be it
If I just believe it, there's nothing to it
Hey, if I just spread my wings

I can flyI can flyI can fly, hey

If I just spread my wingsI can fly

Fly-eye-eye

R. Kelly

sexta-feira, agosto 01, 2008

Cefaleia

Dói-me a cabeça. Há uns dias que sinto a vaga de bem-estar a retroceder. Tal como as ondas dão à costa, logo voltam para o mar. Assim é o meu humor. Inconstante duma forma constante. Por outras palavras, sou uma pessoa constantemente inconstante.
Para aqueles que não sofrem deste mal, não sabem como é cansativo acordar de forma diferente diariamente. E mudar de estado de espírito abruptamente devido a um olhar, uma palavra, uma memória ou, por e simplesmente, porque sim. A minha cabeça funciona a 1000 mas raramente tenho a força que necessito para a acompanhar. Todavia orgulho-me de apresentar sinais de melhora. Uma nova achada calma que não tinha anteriormente. Um raciocínio mais calmo em tempos de crise e a abolição da desnecessária dramatização que me caracterizava há uns meses.
Dou a mão à palmatória que tive uma ajuda preciosa que fez com que, sem que eu desse quase conta dos processos mentais que estavam subjacentes às palavras, me fosse "reconstruindo" duma forma saudável. Espero não ser sol de pouca dura, mas por ora, estou mais calma, paciente, madura e realista.
Aprendi a lidar com situações dolorosas com humor. Perspectivo os sentimentos, olhando à minha volta e utilizando a minha inteligência para discernir se as razões que apresento para me sentir dessa forma serão essas mesmas, ou outras que não quero enfrentar.
Somos uma bola de neve. Começamos pequenos e vamos rolando pela colina da vida abaixo. Engrandecendo com a neve pura que vamos apanhando pelo caminho, mas no meio vem muito lixo e entulho que, depois de termos ganho velocidade, temos dificuldade de expelir. Às vezes devemos parar, descongelar, separar o que interessa, deitar fora o que só nos desacelera e magoa e, logo, começar a criar-nos novamente. Desta feita, já sabemos rolar duma forma mais protegida o resto do caminho e a desviar-nos de porcarias que só servem para nos desviar do caminho que escolhemos.
Contudo não pensem que este processo é fácil ou indolor...
A mim, é costume dar-me cada dor de cabeça!

Intemporal!!!!