segunda-feira, dezembro 17, 2007

Cachopa

Pára de me chamar isso! Dou a mão à palmatória que me comportei como uma. Mas cachopa e miúda são dois adjectivos que têm uma má conotação e carga depreciativa para mim. Não tens de adivinhar, por isso to digo. Histórias de outros tempos. Termos carinhosos… Não os queres usar, tudo bem. Então chama-me pelo meu nome de baptismo.
Toda a vida fui infantilizada por ser ingénua.
Estou a refrear-me. Muito. Os minutos teimam em não passar. A Luz está longe. O labor está fraco. E os sonhos e desejos são muitos.
Tento dar-te o que acho que queres mas não sem prejuízo meu. Sei que me lerás. Aqui. Neste fórum da minha vã existência. Mas até isso planeio destruir.
Poderás pensar que houve distanciamento e que, finalmente, deixei de sentir intensamente. Não sabes que na Natureza nada se ganha, nada se perde, tudo se transforma?
Tão simplesmente mudei o meu objecto de obsessão.
Agora, doentiamente, penso em mim. Na cachopa. Não como quererias que o fizesse mas da única forma que sei.
Auto-flagelo-me. Castigo-me. Puno-me. Abraço todos os momentos ébrios onde sinto, por instantes, uma ilusória liberdade de mim própria. Nada me choca, as palavras não doem e todas as consequências têm absolvição.
Magoem-me! Mil vezes, magoem-me! Destruam-me! Despedacem-me! Destruam-me…
Desde que não seja eu a fazê-lo a mim própria, viverei com isso.
Melodrama de uma cachopa…

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