quarta-feira, março 19, 2008

Inundação

Rompeu-se a barragem e uma torrente de água suja e turva corrompeu a baía que outrora estava límpida e pura.
Dejectos e podridão mancham as águas que tanto custaram limpar…
Restos de naufrágios vieram ao de cima soltando os espectros que há muito viviam nas profundezas…
Animais moribundos flutuam à superfície envenenados pelas impurezas que agora lhes corre no sangue…
À costa deram os últimos dobrões dos galeões espanhóis. Os espólios de centenas de barcos piratas espalhados pela areia reluzem ao sol. A Armada Invencível há muito foi vencida restando apenas as figuras da proa apodrecendo junto às rochas…
Ao fundo num penedo canta a sereia lembrando-se dos dias que seduzia os marinheiros e os levava para a sua sepultura aquosa.
Neptuno e Poseidon jazem mortos depois de terem travado uma batalha titânica milenar a qual criou um tsunami que ainda hoje varre o mundo num ciclo ininterrupto de destruição.
No entanto, aqui debaixo impera o mais profundo silêncio…

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