quarta-feira, outubro 15, 2008

Tempo

Sem dúvida o conceito mais subjectivo da vida de qualquer um de nós. Já dizem os anglo-saxónicos: “ Time flies when you’re having fun” (o tempo voa quando nos estamos a divertir).
Quantas vezes não nos aconteceu estarmos com alguém de quem gostamos e uma hora passar num pestanejar ou num batimento cardíaco. Horas de conversa parecerem milésimos de segundo e que tanto, aliás tudo, ficou por dizer…Seis horas a dançar numa discoteca só nos afectar no dia seguinte porque nos doem” as cruzes” e o nosso andar ganha um contorno diferente… Um certo arrastar das pernas estranho….
Por outro lado, por mim falo, nas aulas, por exemplo, olhava para o relógio tantas vezes por hora que não sei como não fiquei com Síndrome de Movimentos Repetidos no pulso esquerdo. Completamente alheia aos bons modos, esquecia-me por completo de onde estava e bocejava alto e bom som como um leão na savana depois duma bela sesta à sombra. Não me conseguindo ver, desconfio que até aquele movimento de desenrolar a língua de dentro da boca fazia…
-Ó Renard, então?! Estou a enfadar-te?
(Sempre vi esta pergunta como retórica. Quer dizer se eu estava a bocejar a resposta já tinha sido dada. Por esta e outras razões, sempre me escusei de responder….)Esta é a expressão que mais vezes ouvi, depois de “Renard cala-te!”, durante os 19 ou 20 anos que estudei… Quase me engasgava ao me aperceber daquele gesto de besta que estava a fazer e ao tentar fechar a boca rapidamente. O que vale é que com a minha personalidade encantadora, grande parte do corpo docente durante a minha vida simpatizou comigo e não fui castigada muitas vezes…
Mas isso sou eu que acho que o conhecimento como algo obrigatório é doentio. Além disso, ser professor é uma vocação. E desses, aqueles que nasceram para contar histórias, tive poucos. Contudo, por me terem prendido a atenção e terem conseguido que me interessasse por aquilo que me estavam a tentar ensinar, estarão sempre tatuados na minha memória.
Quantas vezes deixamos de fazer ou dizer algo por falta de tempo e uma crença inabalável que no futuro o faremos? Depois existe uma curva apertada da qual não estávamos à espera e o futuro acabou ali e fomos tarde demais. Agora utilizo uma condução defensiva na vida. Tento ao máximo dizer às pessoas o que por elas sinto. Tantas vezes que, talvez, me achem estranha ou desequilibrada. Todavia, são mais as situações que me puno por aquilo que não fiz ou disse do que pelo inverso.
Ah, que sorte têm os que acreditam na vida após a morte e na capacidade de comunicarmos com aqueles que já partiram… Mesmo assim aconselho que amem e respeitem as pessoas quando ainda respiram. Depois de mortas não parece carinho mas hipocrisia. A verdade é que temos de aceitar todos como são enquanto cá andamos juntos e não vê-los como santos assim que o seu coração cessa de bater.
O conceito de ter todo o tempo do mundo existe e está certo… Mas para cada um de nós, esse tempo “todo” difere. Podem ser décadas como podem ser anos, meses, e por aí adiante.
Não deixes para amanhã um “gosto de ti” que podes dizer hoje… Porque o tempo, esse, não espera por ninguém.

5 comentários:

BlueVelvet disse...

Fartei-me de rir a imaginar-te bocejando e o Síndroma dos Gestos Repetidos é do melhor.
Só tu mesmo.
Quanto ao resto, embora tenhamos todo o tempo do mundo, aqui fica: Gosto muito de ti.
Beijinhos querida raposinha

BC disse...

De facto todos nós temos um tempo, uns mais outros menos, mas nunca deixa de ser o nosso tempo e esse ninguém nos tira.
Temos que viver a vida ao segundo, porque o futuro é neste mesmo minuto e é este minuto que é importante para cada um de nós.
Mas há Sorrisos por aí, cheios de força que têm muitos minutos, muitas horas para distribuirem por todos nós que ACREDITAMOS, E QUE AINDA TEMOS UMA CRIANÇA A PULSAR DENTRO DE NÓS.
E eu vou sim para a praia brincar com papagaios de papel de muitas cores e subir até onde o vento me levar!!!!
Para ti beijocas
BC

ematejoca disse...

GOSTO DE TI! GOSTO DE TI! GOSTO DE TI!

1/4 de Fada disse...

Todos temos o nosso tempo, seja ele qual for, ninguém o pode adivinhar... pode ser um minuto, pode ser uma eternidade... como muito bem dizes, há uma diferença enorme entre uma hora e um dia, conforme as circunstâncias, por isso temos que aproveitar ao máximo o quea vida nos dá, independentemente do pode ou não estar para acontecer. Até porque nunca sabemos o que de bom ou de mau nos espera, isso eu aprendi à minha custa e de modo duro.

Estou aqui para o que der e vier, conta comigo sempre. A minha força é inversamente proporcional ao meu tamanho.
Beijinhos.

f@ disse...

O tempo para quando te leio ou escuto...
Pára mto o meu tempo embora não pareça...
"vale + 1 minuto na mão que 10 a voar...Lol..."
Beijinhos infinitos... sem tempo...