terça-feira, janeiro 22, 2008

Solidão circense

Dizia a Trapezista ao Anjo Caído, com Nick Cave a cantar em fundo, que tinha, finalmente, encontrado a solidão. Parece ser contraditório, mas não o é. Isto porque ela justifica a frase dizendo que a verdadeira solidão só se atinge quando nos sentimos completos. E, no caso dela, ao encontrá-lo, completou-se.
Bonito entendimento do âmago humano. Nós sem os outros não somos ninguém. Nem tão-pouco existiríamos. Penso, logo existo… Renée, se eu pensar, vocalizar, comunicar e não estiver ninguém para concordar, refutar ou, simplesmente, ouvir, de que vale a minha existência? Se não for vista por outros olhos que não os meus, como poderei provar a mim própria que não sou fruto da minha imaginação? Se me belisco e me dói e não tenho a quem queixar-me da dor, será que senti mesmo? Se falo e me responde o eco, não serei somente um truque da natureza?
Concordo com a acrobata. Quando nos dizemos sós, queremos dizer vazios ou incompletos. Sei que é frase feita e banal mas é das poucas com que me identifico: “a vida só é vida se for vivida e envolvida na vida de outra vida”…
Necessito de ressonância para viver. Compreender-me será impossível sem a visão de alguém de fora. Aliás, corrijo… Eu compreendo. Quero é ser uma pessoa pela qual poderia sentir orgulho como sinto pelas pessoas que amo.
Cessar de existir como este “meio-ser” incompleto e incompatível com os demais.
Preciso de encontrar a verdadeira solidão. Com ou sem anjo…

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