terça-feira, junho 24, 2008

Redireccionar os sentimentos

Hoje escrevo de coração pesado e cabeça cansada. Têm sido uns longos dias a cismar com a resolução dum problema que há muito me aflige.
Por muito que tente, mesmo concentrada no meu trabalho, não consigo despegar desta decisão que pende sobre mim como uma nuvem carregada de maus agoiros…
Tenho para mim, embora já me tenham acusado de não saber sentir numerosas vezes, que a maioria dos sentimentos sociais são instintivos. Em inglês apelidam-se de “gut feelings”, grosso modo, um sentimento que surge dum qualquer sítio recôndito em nós e que, raramente, embusteia.
Acontece amiúde a todos, julgo, aquando duma primeira impressão sobre uma pessoa que nos é apresentada. Mas isso não apelidaria de sentimento, mas sensação. É posterior a esse momento. Com o tempo vamos conhecendo as pessoas e essa sensação pode dissipar-se por completo ou agravar-se.
Não raras vezes me tenho enganado em relação a pessoas que vou conhecendo. Até mesmo depois de muito tempo e convivência com as pessoas. Existem verdadeiros mestres do disfarce entre nós! Acreditem… O que me vai consolando é que com o passar dos anos me vou tornando cada vez mais apreensiva. Dou-me até certo ponto à pessoa e, só quando todas as dúvidas estão esclarecidas, dou-me por inteiro.
Poupa-me muitas dores de coração e cabeça…
Mas o problema surge com o amadurecimento dos primeiros sentimentos, ditos “efémeros”. Os encantamentos, as paixões, as empatias, as estimas, etc.
Pode advir um sentimento sólido e nobre que, mesmo na descrença dos outros, nós sabemos que nos consome.
Esses sentimentos, únicos em tipo e género, jamais deixam espaço para que o possamos sentir por outrem. Ocupa-nos uma parte do nosso ser emocional que não é divisível.
Se ao menos tivéssemos capacidade de redireccionar o sentimento para alguém que o merecesse. Talvez até sejam capazes. Eu não…
MAS EU, EU NUNCA SOUBE, NÃO SEI E NUNCA SABEREI SENTIR!

6 comentários:

Marta Vinhais disse...

A vida dá muitas voltas e erramos muito...
Sei que é um cliché, mas é a pura verdade...Há pessoas que nos surpreendem pela positiva e ficamos mal impressionados na 1ª vez que lidamos com elas.
Acredita; há pessoas de quem vamos gostar toda a vida e outras de que não vamos gostar nada...
Temos é que saber gerir as coisas; proteger-nos...
Não é fácil...mas vais conseguir...
Passa por lá...
Beijos e abraços
Marta

BC disse...

Todos temos essas dúvidas, por vezes até nos encomodam,não estou a falar em ninguém em particular, mas nas pessoas em geral.

Quem não tem dúvidas?
Quem não se engana?
O essencial, e o importante é tentarmos perceber quem de facto nos dá a mão, aquela que é importante, aquela que nos quer ajudar, e por vezes está tão perto, pode estar e nós não percebemos.
Mas sentimentos amiga todos temos,uns melhores, outros piores.
Uns mais fortes, outros nem tanto,
e quantas vezes os mais fortes, não são os melhores para nós.
Pensa nisto.
Beijinhos e saudações tribais!!!!

Fátima André disse...

Minha querida, mas é claro que TEMOS CAPACIDADE DE REDIRECCIONAR SENTIMENTOS! Não digo que é fácil, mas é possível. Isso, garanto-te EU, Maria de Fátima, ponto.

Depois, faz-me o favor de borrar, como dizem os nossos hermanos, o último parágrafo da mente e do coração. Não digas NÃO, NUNCA...

Um abracinho carregado de SIM, SIM, SIM...

ematejoca disse...

Olá Renard:
Desde há muito tempo que leio o seu blogue, pois pertence ao grupo dos afectos. Ainda nao escrevi aqui nada porque tenho medo de a ferir. A Renard é uma pessoa muito sensível, e acho que só uma alma gémea como a nossa poetisa a pode compreender.
Penso, no entanto, que é altura de lhe mandar saudacoes de Düsseldorf.

ematejoca disse...

Querida Renard,
O meu problema é de eu me manter sempre verdadeira.

Á imensas versoes do Mackie Messer,
até o Frankie Boy a cantou.
Conheco quase todas e gosto também de todas. Esta é mais antiga.
A cantora era a mulher do Kurt Weill.

Espero que continuemos em contacto, apesar de eu nao ser uma pessoa muito sensível, mas mais tipo: pao, pao, queijo, queijo!

Amo é a poesia.

Um abraco de Düsseldorf!

ematejoca disse...

Ai meu Deus, escrevi à sem h!
É da hora!
Retifico: Há imensas ...