sábado, julho 05, 2008

SELF

Se tivesse de me caracterizar por uma corrente de pensamento filosófico escolheria o Niilismo. Duvidar, duvidar, duvidar, negar, negar, negar…
Ando a ler sobre Schopenhauer, filósofo pessimista do século XIX. Dizia que feliz era aquele que conseguisse evitar os seus semelhantes. Incentiva ao isolamento narcísico. Vivendo apenas para o próprio intelecto.
Tenho que concordar que se soubéssemos para que vínhamos, poucos escolheriam nascer. Faz o paralelismo entre a infelicidade causada pelo ensimesmamento e a dor que os nossos pares conseguem nos provocar. A escolha dele recai sobre uma vida egocêntrica e extraordinariamente focada na racionalização do próprio SELF e nada mais. Só porque dói mais e obriga a um constante questionamento sobre o nosso EU.
Seguiram-no em pensamento Kant e Nietzsche que tinham, eles também, uma visão muito negra da socialização e os seus malefícios para a psique de cada indivíduo.
No entanto, sou por natureza um ser social. Odeio a solidão e, acima de tudo, deploro a minha própria companhia.
Logo, embora entenda a visão negativista destes pensadores, não os posso por em prática na minha própria vida.
Talvez o meu maior erro é gostar de pessoas. Como diz um amigo, gostar mesmo gostar. Conquanto aprecie a companhia dos meus semelhantes, a minha personalidade borderline leva-me a comportamentos extremistas. Como um pêndulo fixo, vario apenas entre branco e preto, 8 e 80, bom e mau. Entre heróis que depressa se tornam vilões. Agora entendo isso.
Uma forma muito imatura de entender a vida e as relações humanas que por definição são complexas.
AH! Mas… Sublime o sorriso; Perfeita a lágrima; Ofuscante o brilho dos olhos; Libertadora a gargalhada; Magnífico o calor do toque humano. Preciso de ver, ouvir, saborear, cheirar e sentir tudo isto para me sentir viva.
Tenho uma vivência livresca, por isso, vazia. Conheço e entendo a vida e pensamento de quem leio mas nunca parece encaixar irrepreensivelmente com a amálgama que criei no meu SELF.
Cada novo amanhecer traz um estado de alma díspar. Posso acordar existencialista como Virgílio Ferreira; Despertar derrotista como Hegel; ou, tão simplesmente, abrir os olhos para um dia racional do mais perfeito jeito socrático.
A verdade absoluta, o segredo da nossa existência, reside numa puzzle completado, sem o mínimo erro ou remedo, a partir de retalhos de cada pensamento alguma vez partilhado ou escrito. Puzzle impossível de alguma vez ser completado por muitas vidas que se possa viver.
Eu, cada dia, cada hora, cada minuto, cada segundo, sou outra.
Felizes daqueles que ignoram completamente o que os outros pensaram por nós. Aqueles que vivem de acordo com a “dor de pensar” de Caeiro, por isso, usam a razão apenas como instrumento de sobrevivência e não auto-destruição.
Esta procura de solução milenar começou no momento que em nanossegundos fez de nós os seres complexos que somos hoje… A primeira vez que se acendeu uma luz no fundo da mente dum homem e este reconheceu SER. Pensou, existo. A pergunta pertinente que todos nós nos colocamos a determinada altura da vida é: Para quê?
Sei quem fui, não sei quem sou mas, com toda a certeza, sei quem não quero ser.

2 comentários:

Marta Vinhais disse...

E é a perfeita verdade - tentar descobrir neste mundo caotico quem somos não é tarefa fácil....
Por isso é que viver é um desafio constante...
Vamos em frente....
Beijos e abraços
Marta

Tanacea disse...

I didn't ask for it... but I wouldn't give up any of its hard, difficult, depressing, wonderful, precious... and oh so glorious moments...