quarta-feira, novembro 28, 2007

Imaginação

Ás vezes não desejas que certos episódios da tua vida se tivessem passado apenas na tua imaginação? Um sonho acordado, uma projecção sem nexo, um pensamento solto…
Acontece-me amiúde. Não é sensação que estranhe embora desta vez seja diferente. É que aquilo que eu me perturba não é totalmente desagradável. Existem momentos, raros porém, que até me sinto verdadeiramente feliz. Mas a maior parte do tempo sinto-me esquecida, pequena, chata, insistente, incompreendida, estúpida, infantil, magoada, angustiada e, acima de tudo, vencida.
Quando penso nas decisões que se avizinham respiro fundo, faço um gesto de concordância com a cabeça e repito para mim mesma:
- É hoje! Não pode ser! Ele é igual aos outros!
Depois encho-me de coragem e escrevo ou saio de casa para um encontro. No momento que a decisão tem de ser vocalizada, falta-me a voz juntamente com a coragem e vacilo sempre. SEMPRE! Aperta-se-me o peito, o coração bate descompassado e as pernas fraquejam. Respirar custa, coro de emoção e a cabeça anda à roda. Não consigo deixar-te. QUERO TANTO! Mas não consigo. Não agora que me abriste as comportas. Deixar-te agora seria como levantar-me de uma mesa de operações com os órgãos desarranjados e com as suturas por fazer… A questão não é a dor porque não me deste anestesia e avisaste-me que ia doer e eu concordei. Prende-se com o facto de não compreenderes que estou tremendamente frágil e tu estás debruçado sobre mim com instrumentos cirúrgicos de aspecto reluzente mas afiados e cortantes.
Estou a perder sangue descontroladamente e vais-me dizendo ao ouvido que não me deixarás morrer e que eu vou sobreviver porque eu sou a Paciente Magnífica.
Não serás tu que me estás a matar?
Uma coisa que tenho em demasia… Imaginação.

Sem comentários: