sábado, dezembro 22, 2007

Pessimismo

Acusam-me de ser derrotista. De enegrecer as coisas antes de conhecer o seu desfecho. Estão a ver como eu tenho razão? Que seria de mim se vivesse de optimismo? De ilusões? Se já assim, preparada de antemão, dói como dói, como aguentaria o desfazer sucessivo de sonhos?
Ontem não estava bem em mim. Repudiava a sensação de finito. Tinha entorpecido os sentidos prematuramente sabendo que um dia difícil se avizinhava. Por isso estava dormente. Por isso parecia tão alienada de tudo que me diziam e faziam. Por isso não chorei.
Deitei-me num pranto. Chorei noite fora. Precisava. Acumulava-se em mim havia já uns poucos de dias.
O pior não passou. Está para vir. Dias cheios de nada e vazio. A lacuna que ficará de não ouvir os bons dias, ver os sorrisos quando passava pelos gabinetes envidraçados, ouvir um BOM DIA alto e a bom som que me fazia estremecer e dizer: SSSHHHHH!!!... As “reuniões clandestinas” no armazém para fumar e discutir um ou outro boato que se tinha criado ao longo da semana. As gargalhadas espontâneas quando se discutia filosoficamente a flatulência alheia ou, incontornavelmente, conversas menos próprias para os ouvidos mais sensíveis.
O silêncio. O pior vai ser viver no silêncio. Este que se abateu pela minha casa e ao qual apenas escapava naquelas 8 horas que, por vezes, custavam a passar mas que agora me parecem dotadas de tanta vida e energia.
Disse e reitero: se soubermos o que lá vem, desviamo-nos a tempo…

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