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Mau hábito este de chegar adiantada aos compromissos. Para fazer tempo dava um pulo à Sé e sentava-me nos bancos traseiros a contemplar o altar. Sítio lúgubre, escuro e cheirando a cera, arrepiava-me em pequena. Agora, transmite-me leveza. Não a ideologia que lá se professa. Essa não condiz comigo. Mas a quietude que impera nestes espaços… A grandeza… A História… A paz… Bem sei que a pedra basilar é a hipocrisia. E daí? Não o é em todo os quadrantes da nossa vida? Em nós próprios? Naqueles que amamos?
Os sinos tocavam a hora certa e lá ia eu na expectativa de mais uma hora de revelações depois de uma semana de trabalho…
Passaram-se séculos… Agora ouço as mesmas músicas mas com passo acelerado e cabeça baixa para chegar a tempo. Saio de casa com tempo contado. Aqueles minutos que tirava para mim, agora angustiam-me. Chego e já os sinos tocam. Subo as escadas e o peito aperta. Quero que o tempo passe depressa. Tal como nas doutrinas professadas na Igreja onde me refugiava, não tenho fé nas que me vão ser relatadas agora.
Ontem decidi começar uma investigação sobre fraquezas e fragilidades humanas. As minhas. Como peças de um puzzle imprimi quase uma resma de folhas de comunicações que tenho mantido guardadas. Quero e vou perceber o que raio se passou. Só para mim. Impera-se que o faça. O que me levou a sentir-me assim. Pode demorar eternidades, como pode ser apenas e só uma epifania. Ou nunca perceber. Talvez premissas tenham ficado por dizer. Calculo que sim...
Possivelmente, ao acabar o puzzle possa voltar a fazer o caminho de minha casa até à Praça de cabeça erguida… Ou, então, deixar de o fazer de todo…
Vou-me aconchegar ouvindo esta banda sonora e voltar à dura tarefa de montar o puzzle…
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