segunda-feira, janeiro 07, 2008

Recaída

Fechei-me em casa. Não saio. Não socializo. Não quero! Deixei de lhe falar de mim. Talvez assim consiga controlar estes pensamentos e sentimentos que me assombram. Tento não orientar os meus dias à volta da caixa de entrada do mail. Ignoro as suas comunicações. Leio e sinto-me impelida a responder. Todos os átomos do meu corpo lhe querem responder. Dizer-lhe que não o esqueço. Que ainda o amo. Que ainda o quero. Que ainda me invade os dias…
Ao tornar-me reclusa por vontade própria não ouvirei expressões que mo trazem à memória. Cheiros que transportam para aqueles dias em que me sentia querida e com valor para alguém. Sentir que havia alguém que gostava de mim, mesmo quebrada que estou.
Mas como qualquer viciada, tive uma recaída. Não é que num golpe de génio recorda-me um dos meus textos preferidos. Estranho para muitos mas incisivo e acutilante para mim.
Como uma mão que me acaricia, senti a intensidade da sua inteligência e fiquei fisicamente excitada.
Três dias de solidão e apatia em que repudiei contactos externos e dispensei as companhias habituais, já me levavam ao estado de coma que tanto procurava.
Não sentia nada. Nem por ele, nem por ninguém. As minhas respostas aos demais eram breves e agressivas. O intuito era cortar a conversa antes que começasse.
Encharco-me de pílulas milagrosas e durmo 12 horas por dia. As que sobejam passo-as defronte da televisão a ver tudo que não obrigue a muito raciocínio.
Mas foi só isso. Uma recaída. Amanhã, logo, logo, estarei estirada na cama ou sofá vegetando.
Lutar? Para quê? Perdi as duas coisas pelas quais lutei em menos de nada. Sobeja-me vegetar…

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