quinta-feira, abril 17, 2008

Coisas triviais e mundanas

Pejada de tudo e nada saio de casa munida da minha caixinha de música.
O volume no máximo cabeceio a quem me cumprimenta. Sorrisos, não. Esses, já não.
Conversas? Banalidades e faits-divers? Resigno-me ao silêncio por não ter opinião para oferecer.
Olhar distante. Sempre distante. Focando um ponto ao longe no horizonte que mais ninguém vê senão eu.
Chamada à atenção, a reacção é um pestanejar lento de quem sai dum estado onírico e de latência. Mas não durmo nem, tampouco, sonho. Apenas respiro.
E os dias assim vão passando. Inspiro e expiro. Um pé à frente do outro.
Avassaladora esta sensação de não ser. Não querer saber. Não existir.
Torno-me invisível. Misturo-me com as gentes, sozinha.
Caminho com as mãos nos bolsos e olhos no chão. Sempre no chão. Nada de me desviar das pedras da calçada.
Desencontro-me de me quer encontrar. Nas fotografias apenas eu apareço desfocada, Um espectro ao fundo que ninguém se lembra de lá ter estado e que não conseguem identificar…
O passado tratou-me mal. O presente nada tem para me oferecer. Pacientemente, espero o futuro. Poderá nem chegar, mas até lá… Inspiro e Expiro. Um pé à frente do outro.
Como ruído de fundo, apenas, murmúrios de coisas mundanas e triviais.

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