Existe uma praça com esplanadas na cidade onde vivo onde gosto de me sentar e beber um café com amigos aos fim-de-semana. Especialmente nestes dias, fervilha com actividade…
As pessoas que enchem as mesas, as crianças que brincam, os animais de estimação que aproveitam a liberdade para correr e deliciarem-se com as festas de estranhos…
Além disso existem, claro está, os pombos… Já referi noutras ocasiões adorar animais e ser uma feroz defensora dos mesmos. Mesmo dos chamados “ratos com asas”.
Bem sei que os pombos estão longe de serem pássaros limpos, que são transmissores de doenças, que sujam o património e, muitas vezes, os transeuntes (por mim falo!) mas este gostinho de andar à “biqueirada” e “sapatada” aos ditos tem de acabar!
É ver os meninos, desde os seus 3 anos até aos 12, numa caçada incansável atrás dos pobres bichos para felicidade e orgulho dos seus pais que riem com satisfação!!!
É impressão minha ou o mundo ficou “mais mau”? Não, não me enganei. É mesmo “mais mau” e não pior…
As pessoas estão cada vez mais más! Vis! Baixas! Reles!
Hoje, particularmente, estava a contemplar um miúdo, duns 8 anos, numa concentração maquiavélica a seguir os pombos, pé ante pé, com a esperança de apanhar algum desprevenido para o “presentear” com um belo pontapé! Esteve naquilo uns 20 minutos… Até comentei com o meu amigo que se fosse para fazer alguma coisa de bom não se concentrava tanto tempo! Pior que a acção do petiz foi a reacção dos pais. Este “casal de bem” contemplava o seu rebento com uma cara enternecida e extasiados de júbilo pela bonita acção praticada pela sua “semente”.
A criança falhou nos seus intentos, e ainda bem, sentando-se frustrada na mesa com os pais. Nesta altura respirei fundo e pensei que, talvez, os pombos tivessem descanso. Qual não é o meu espanto quando o pai da criaturazinha se baixa na cadeira e dá uma violenta chapada com as costas da mão num pobre pombo que passava ao lado da mesa. Fiquei estarrecida e boquiaberta a olhar para o Sr. Este olhou para mim com uma cara de gozo e altivez.
Com pena minha, não me controlei e disse ao meu amigo, alto e bom som, para irmos embora porque não gostava de estar sentada perto de bestas!
A minha teoria inicial estava correcta!
Quando olhei para a criança pensei, no gozo, que se tratava do “filho do Demo”. E não é que acertei?!