sexta-feira, novembro 30, 2007

Luz


Escrevo, escrevo e escrevo e nunca te falei da Luz. É uma pessoa que me é muito querida. Daquelas que sem mais nem porquê nos conquista com o seu silencio ponderado e a sua gargalhada espontânea.
Já citei este excerto de Fernando Pessoa em relação a ti mas, também a Luz, me cativou de igual forma: “O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.”
Com ela partilhei momentos inesquecíveis, a nossa simbiose é inexplicável e ela é, sem qualquer réstia de dúvida, uma pessoa incomparável. E mais! Incontornável! É-o neste momento da minha vida, e se se mostrar a vontade de ambas, sê-lo-á para sempre.
A intensidade com que sinto é uma constante em todas as minhas relações. Independente do sexo, idade ou credo da solidão que se cruza com a minha, o laço é criado.
A Luz desenha. É o trabalho dela. Cria imagens mentais e passa-as para o papel com uma precisão e bom gosto raros em alguém da minha geração. Vive a vida numa luta antagónica entre o que é e o que quer se tornar. Giro, nunca lhe disse isto mas, ela merece o melhor. Eu que digo sempre tudo…
A minha esperança é que a Luz um dia consiga passar para a folha de papel que é a vida, os traços dos pensamentos que a prendem a alguém que não quer ser e que consiga arquitectar o futuro a tal pormenor que uma linha não se desvie um milímetro daqui que estava traçado. E, depois disso tudo feito, tudo no lugar, nas “gavetas”, lhe apareça a pessoa certa e que tudo o que ela traçou descambe e ela sinta com todo o seu ser o que é verdadeiramente amar sem régua e esquadro...
Adoro-te Luz…

Portalegre


Nunca lá estive. Não conheço. Nunca vi. Contudo, é lá que estão os meus pensamentos de momento. Eles viajam muito mais que eu. Já foram a Paris contigo. Extraordinárias partidas que a vontade nos prega! Um olhar fortuito e de relance sobre a capa dum livro exposto num móvel e, repentinamente, estamos os dois sentados na esplanada ao lado do Centre Pompidou, aquela que fica ao pé daquela fonte vanguardista, tu sabes qual, a beber um café horroroso, a fumar um cigarro e a rirmos descontraidamente de alguma personagem caricata, daquelas que povoam a Cidade-Luz por alturas do Natal, que passa por nós e nos chama à atenção. Um comentário maldoso. As caras de reprovação com esboço de sorriso e depois a gargalhada que não conseguimos evitar… A cumplicidade no seu melhor… Rir faz bem à alma. E eu rio tão pouco.
Quem me dera estar em Portalegre…

quinta-feira, novembro 29, 2007

Mestre

Referes-te a uma das tuas professoras de liceu como mestre por te ter engrandecido incutindo-te o prazer de saborear obras literárias.
Pois é, coincidência ou não serem ambas mulheres, também eu tive uma mestre. Ou, melhor, mentora.
Não ta vou descrever porque a pessoa em questão sabe exactamente o que sinto por ela e a influência que teve na minha vida e no desenvolvimento da minha personalidade. Uma mãe longe de casa. Uma confidente. Uma Amiga. Uma consciência que me ia guiando e que, para bem ou para mal, sempre me pôs no meu lugar. Acreditou em mim quando eu perdi a fé e impelia-me sempre a ser melhor. Desiludi-a. Sei que o fiz. As esperanças que depositou em mim ficaram aquém do que, por fim, demonstrei ser.
Falhei, identicamente, no que concerne à minha amizade para com ela. Sempre me deu mais do que recebeu e a minha dívida para com ela será eterna.
Por me ter “apresentado” José Régio; por ter ouvido o que tinha a dizer, embora muitas vezes desprovido de qualquer interesse porque era uma miúda cheia de ilusões; por me ter aturado quando, claramente, não estava com a mínima paciência; por ter rido comigo; por me consolar quando chorava por uma qualquer razão insignificante;
Enfim, por ser a pessoa que é: OBRIGADA.
Negligenciei-a durante muito tempo. Não por não me lembrar dela, que acontece com frequência, mas por vergonha. Queria voltar a falar com ela quando fosse alguém com motivos de orgulho e dizer-lhe:
- Foi uma parte significativa daquilo que me tornei!
Infelizmente, esse momento tarda em chegar e a necessidade da sapiência da minha mentora aumenta significativamente.
Sabes, de certa forma, são parecidos. Sabem o que me dizer e quando me dizer. Têm a minha total e incondicional admiração. Compreendem-me sem me julgarem. E tentaram, os dois, que me tornasse, superior àquilo que, por norma, demonstro ser.
Tão simplesmente, ganharam o meu amor. Deixaram um cunho na minha existência. E se algum dia chegar a ser “grande” como me dizes que serei, terão a vossa quota-parte de “responsabilidade”.
Gostava de ser como vós. Tocar a vida das pessoas duma maneira que só os mestres conseguem. Experimentar a vida dum patamar superior.
Mas não seria Mestre. Jamais serei Mestre. O que a vida me tem ensinado, não se devo partilhar com os outros.
Mestria? Deixar com quem nasceu para a praticar.

Lítio


Será que necessito dele?
Há algum tempo que matuto sobre a possibilidade de sofrer da doença bipolar.
Patologia que se caracteriza por fases maníacas ou hipomaníacas, hiperactividade e grande imaginação e fases de depressão, de inibição, lentidão na concepção de ideias e das realizar, e ansiedade ou tristeza.
A minha inconsistência de humor e a complexidade dos meus estados de espírito levam-me a desconfiar que algo mais se passa…
Disfunções da Glândula Tireóidea, Fibromialgia, Problemas de Ansiedade, Depressão, Anorexia Nervosa, Stress Pós-Traumático… Já tudo me foi diagnosticado, tratado e nada mudou….
Claro que ficaram pontas soltas, ficam sempre. Mas com a módica quantidade de comprimidos que tomo diariamente pensou-se que se controlaria este “mau feitio”.
Os episódios maníacos tinham melhorado, assim como, os ataques de ansiedade/pânico e a vontade de morrer.
Depois a tensão começa a aumentar por uma ou outra razão e lá vou eu outra vez…
Desta feita, pensei, se falhei em “curar-me” depois de tantos especialistas, exames e compostos químicos talvez, só talvez, o problema não seja físico e/ou neurológico mas sim do foro psicológico/psiquiátrico…
Enchi-me de coragem e fui a quem, dizem, percebe dessas coisas.
Escolhido a dedo, pensei que estivesse à minha medida. Pensei que me desse luta. Que me abrisse o horizonte e me desse aquele outro ângulo, o que me faltava, para ver o valor da vida.
Nada disso! Confundiu-me ainda mais com palavras e gestos que se fundiram em mim. Não melhorei. Chorei, gritei, embirrei, amuei, magoei. Não piorei.
O ciclo fechou-se. Passei de normal a maníaca, de maníaca a pateta alegre, de pateta alegre para triste, de triste para enraivecida, de enraivecida para triste. Triste é normal estou outra vez normal.
Será que a resposta reside no lítio?

quarta-feira, novembro 28, 2007

Inércia

Hoje, contra tudo e contra todos, cheguei a casa e dormi. Pensei que seria a solução para a dor que me consumia por dentro.
Tratei das tarefas mundanas que necessitam de resolução assim que se chega a casa, vesti o pijama e deitei-me no sofá…
Esperei, esperei e, depois, esperei mais um pouco… Estava de costas viradas para a televisão e ouvia, muito baixinho, as vozes dos actores da telenovela infanto-juvenil da TVI…
Ouvia aqueles diálogos riquíssimos e pensava para comigo, tanto talento que este país possui…
Entretanto começaram-me a pesar as pálpebras e Morfeu começou a embalar-me nos seus braços…
Qual não é o meu espanto quando os meus gémeos (de ambas as pernas) se contraem num espasmo de dor e salto do sofá. Era uma cãibra quádrupla, portanto… Limpa o sorriso da cara pois não teve piada.
Não entendes? Ainda dizias tu que deus anda de avessas contigo… Devo ser mesmo escumalha. Deplorável criatura que não merece o oxigénio que consome. Ainda Tântalo pensava que o seu suplício era considerável… Devia sentir a tortura de não se ter descanso da dor… E ele, pelo menos, sabia o porquê de ter ofendido os deuses do Olimpo. Eu cá não percebo.
Maratona sem paragens dizes tu…. O meu dia foi pautado pela inércia física e a “diarreia mental”.
Voltando à minha odisseia… Fui saltitando até à cozinha onde preparei a miséria de repasto que tenho apelidado de jantar há já umas semanas, um croissant e um pacote de leite enchocolatado. Preparei os químicos que me têm mantido viva e voltei para a sala. Esperei pacientemente que as dores passassem com a lágrimas de raiva a correrem-me pelas faces e comi. Depois mais um súbito ataque de má disposição cerebral e cá estou, novamente, sentada no “trono” a despejar um saco de pensamentos desconexos em forma de vocabulário paupérrimo.
Garanto. As paredes vão subir novamente. O entulho deixado no chão irá erguer-se e voltar a formar o cerco que estava construído. As comportas vão fechar. Podes ter ganho a batalha mas, jamais, ganharás a guerra.
Vou voltar à inércia…

Esquizofrenia


Quem sou eu? Sou aquela que está contigo ou aquela que está com os outros? Não sei se por uma questão de fugir ao que é rotineiro e “normal”, apraz-me mesmo muito conversar contigo. As conversas restantes parecem-me fúteis e desprovidas de sentido. Já uma vez, noutra vida, senti isto. As conversas de café e circunstância aborrecem-me e não tenho disposição para falar dos “fait-divers” quotidianos que se repetem incessantemente. Já não tenho paciência para a piada fácil, nem tão pouco me apetece rir. Não agora que já ouvi a tua gargalhada e provei do teu sentido de humor sarcástico e inteligente.
Salvo a excepção acima, aprendi a lidar com esta insatisfação e até a gostar destas conversas que, momentaneamente, me despegam dos meus pensamentos fatídicos. Descontraio e desligo o motor. Deixo-me levar pelas correntes e satisfaz-me navegar ao sabor do vento.
Agora pareço ter rota traçada. Compasso, esquadro, bússola e quadrante, traço as tangentes do ângulos que me hão-de levar a bom porto. Guio-me pelo mapa das estrelas à noite quando olho para o céu e está tudo calmo e o silêncio ensurdece.
Espasmodicamente, por vezes, saio de mim quando escrevo. Uma violência epiléptica que após a convulsão me deixa cansada, sem forças e sem memória.
Na obra, Dr. Jekyll e Mr. Hyde, Robert Louis Stevenson conta-nos a história de um cientista que, após ter ingerido uma fórmula por ele criada, começa a mostrar sintomas de ter “libertado” uma outra personalidade. Sempre encarei esta história como uma visão interessante da esquizofrenia. Do meu ponto de vista, o Dr. quis soltar o seu alter-ego tendo ficado surpreendido, pela negativa, com aquilo que guardava no seu interior.
Sinto-me como ele mas numa versão antónima. Era o Mr. Hyde e despoletei o Dr. Jekyll.
Enfim, conversas esquizofrénicas.

Imaginação

Ás vezes não desejas que certos episódios da tua vida se tivessem passado apenas na tua imaginação? Um sonho acordado, uma projecção sem nexo, um pensamento solto…
Acontece-me amiúde. Não é sensação que estranhe embora desta vez seja diferente. É que aquilo que eu me perturba não é totalmente desagradável. Existem momentos, raros porém, que até me sinto verdadeiramente feliz. Mas a maior parte do tempo sinto-me esquecida, pequena, chata, insistente, incompreendida, estúpida, infantil, magoada, angustiada e, acima de tudo, vencida.
Quando penso nas decisões que se avizinham respiro fundo, faço um gesto de concordância com a cabeça e repito para mim mesma:
- É hoje! Não pode ser! Ele é igual aos outros!
Depois encho-me de coragem e escrevo ou saio de casa para um encontro. No momento que a decisão tem de ser vocalizada, falta-me a voz juntamente com a coragem e vacilo sempre. SEMPRE! Aperta-se-me o peito, o coração bate descompassado e as pernas fraquejam. Respirar custa, coro de emoção e a cabeça anda à roda. Não consigo deixar-te. QUERO TANTO! Mas não consigo. Não agora que me abriste as comportas. Deixar-te agora seria como levantar-me de uma mesa de operações com os órgãos desarranjados e com as suturas por fazer… A questão não é a dor porque não me deste anestesia e avisaste-me que ia doer e eu concordei. Prende-se com o facto de não compreenderes que estou tremendamente frágil e tu estás debruçado sobre mim com instrumentos cirúrgicos de aspecto reluzente mas afiados e cortantes.
Estou a perder sangue descontroladamente e vais-me dizendo ao ouvido que não me deixarás morrer e que eu vou sobreviver porque eu sou a Paciente Magnífica.
Não serás tu que me estás a matar?
Uma coisa que tenho em demasia… Imaginação.

Os Sete Pecados Mortais


Eu cá tenho os meus preferidos. Pode-se dizer que se Asmodeus, Belphegor, Satã e Leviatã estivessem de passagem por Leiria, teríamos algumas coisas em comum e tema de conversa. Um café no Chico Lobo e uma tertúlia sobre as boas coisas da vida… Não conheces os nomes? Passo e explicar. Cada “Pecado” tem um demónio associado. Os ditos “Anjos Caídos”… Assim:
Asmodeus: Luxúria; Belzebu: Gula; Mammon: Avareza; Belphegor: Preguiça; Satã: Ira; Leviatã: Inveja; Lucifer: Vaidade (Orgulho);
Engraçado, não? A Luxúria é um novo gosto que fui adquirindo… Não considerava que tivesse essa pulsão em mim, mas, afinal, está cá! Estava era latente. Qual fera adormecida! A Preguiça sempre me seduziu. O “dolce fare niente”. Vegetar à frente da caixa mágica a ver as séries e filmes interessantes e “educativos” que Hollywood vai “cagando” para nós, seres acéfalos.Sempre compreendi Satã, AKA Satanás. Um erro! Um mísero erro de querer experimentar algo diferente e zás! Fogo eterno! Se acontecesse comigo também ficava F*#%&#... Aliás, provarem a minha ira não é nada difícil. Basta pisarem, nem que seja com a pontinha do pé, uma das minhas muitas chagas abertas e pareço o elástico dum arco a chicotear… A inveja não é bem o que me consome. Sou mais um ser ciumento. Quando gosto, quero! Quando quero é agora! E o agora é sempre! Ou seja, quero-te aqui comigo agora e para sempre! As outras pessoas só atrapalham…De resto, não me identifico com os que sobejam… E daí, até há muito pouco tempo, só me revia em dois, agora já identifico quatro em mim…Hum… Sete pecados mortais…

terça-feira, novembro 27, 2007

És perfeita

Desculpa? Tens pernas altas, és perfeita para isto. Ah, sim mas um pouco velha. Velha? Sim, tenho 27 anos… 27 anos??? Sim, 27… Mas és perfeita… Pois, porque tenho as pernas altas. Sim, isso…
Para qualquer alma distraída este diálogo pareceria algo tirado do Coimbra B de Jacinto Lucas Pires…
Mas aconteceu mesmo. Hoje, na minha estreia em artes marciais, o meu, mui jeitoso mestre, teve esta conversa comigo.
Nunca fui muito à bola com figuras autoritárias… Sempre que me levantam a voz ou fazem peito, automaticamente começo a cerrar os dentes e os punhos e a contar até dez… Reminiscências de uma infância pautada por gritaria e ameaças.
Infância… Corrijo, a bem dizer, já não sou uma criança e ontem tive de ouvir, mais uma vez, os insultos e aguentar a subida dos decibéis até um tom que faz os cães do outro lado da cidade uivar…
Complexo de Electra é sinónimo de masoquismo. O homem que mais amo é, exactamente, aquele que mais me magoa. Aquele de quem procuro a aprovação, é aquele que, constantemente, me desaprova. Aquele que quero que, verdadeiramente, me conheça, não me conhece. Estranha forma de amar. Válida porque o amor não tem forma, mas estranha. Sei que os poetas dizem que amar dói mas porquê tanto radicalismo? Existem coisas que não são para ser levadas à letra… Não que ele alguma vez tenha lido um poema… Só se fossem de Álvaro de Campos… Sempre era Engenheiro… Pode ser que percebesse de automação…
És perfeita… Imagine-se…

segunda-feira, novembro 26, 2007

O beijo


O assunto é ilimitado. Os sentimentos e as sensações não têm dimensão… O limão não tem comprimento, largura ou diâmetro. A não ser que se consiga medir estas características do infinito. Então, aí, estarão as medidas correctas….
A necessidade de dimensionar as coisas não se enquadra no meu conceito de sentimentos e /ou sensações. Não são mensuráveis e ponto final. Não consigo dizer quanto é que “gosto “de quem “amo”. No máximo poderei tentar dar um exemplo mas pecará sempre por defeito. Se algo sobeja à sua dimensão, a sua medição está errada porque sai dos limites que se lhe impõem….
Mas existem situações em que as palavras não chegam a definir uma ínfima parte daquilo que sentimos e desejamos.
Por exemplo, os beijos de quem queremos não são bons, não são óptimos, não são maravilhosos, não são perfeitos… Nada consegue caracterizar o que os beijos são. São as borboletas no estômago quando, finalmente, me beija, são o cheiro do perfume que me embriaga, o calor dos peitos encostados, a respiração, os sentidos alertados, os arrepios de sentir os dedos a tocar-me…
Orgasmo de sensações é uma redundância… O orgasmo é um misto de sensações…
Sou apologista de que as figuras de estilo são para serem usadas e abusadas. Mesmo assim, um orgasmo de sensações falha redondamente quanto à definição do dito beijo… Como digo não se trata de falta de léxico ou adequação do mesmo. Não se exprime por palavras mas por gestos quase imperceptíveis. A forma discreta como me sento mais direita numa posição expectante. O descansar a mão no peito onde lhe bate o coração para o sentir a acelerar quando me beija, o formigueiro que se cria nos lábios e o subsequente humedecimento dos mesmos…
Os sentimentos não têm Razão e a Razão não tem sentimentos!

Cliché

- Sei que é cliché mas se te tivesse conhecido em qualquer outra altura da minha vida…
Lembras-te? As palavras saíram da tua boca que sorria. Pensei que com a tua profissão entendesses a força das palavras. Como elas podemos ajudar mas também podemos destruir.
Pensei que conseguia. Pensei que poderia tornar-te meu. Mas não vai acontecer, pois não? Não “nesta altura da tua vida”… Que quer isto dizer????
Se nos tivéssemos conhecido em qualquer outra altura da nossa vida, não éramos nós! Nós somos o que somos HOJE! Amanhã quem sabe? Ontem já passou…
Talvez a vida te tenha moldado desta forma. Talvez te sintas melhor como espectador que apenas analisa, pesa e conclui… Mas não é justo! Se as duas solidões se cruzam não deveria ser só uma a ter a coragem de se mostrar. De relações unilaterais já sei muito. A sensação de querer dar o mundo e de receber o vazio. Dei-lhe tudo o que tinha e ele aceitou de bom grado. E eu, esperava… Um dia, pensava… Mas esse dia não chegou. Nunca. Ele levou-me com ele para o Atlântico. A carcaça vazia que ficou para trás arrastou-se para longe dos abutres e tentou sobreviver. Foi conseguindo e até já conseguiu disfarçar as feridas e a fraqueza…
Poderia fazer um sem número de eufemismos para te dizer que estou a sofrer imenso com isto e que me apetece fugir…
Mas isso seria cliché.

sábado, novembro 24, 2007

Utopia

A palavra foi cunhada a partir dos radicais gregos οὐ, "não" e τόπος, "lugar", portanto, o "não-lugar" ou "lugar que não existe".
A Utopia consiste na ideia de idealizar não apenas um lugar, mas uma vida, um futuro, ou qualquer outro tipo de coisa, numa visão fantasiosa e normalmente contrária ao mundo real. Utópico é um modo não só absurdamente optimista, mas também irreal de ver as coisas do jeito que gostaríamos que elas fossem.
Palavra que me remete sempre a Sir Thomas More (“O que vos digo em voz baixa e ao ouvido pregai-o em voz alta e abertamente”), Jesus Cristo, Karl Marx, Martin Luther King Jr., Mahatma Gandhi, Nelson Mandela, Karol Jósef Wojtyla, Madre Teresa de Calcutá… Enfim, estes e incontáveis profetas que desperdiçamos. As ideias por eles professadas são grandes. Imensas. Eram os verdadeiros Mestres. Os que viam para além do que a visão permite. Magnificência inconcebível para mim, comum mortal. Não só sonhavam, mas faziam-no alto! Coragem! Não só duma forma altruísta mas pensando no bem da sociedade, do país, do mundo.Brutal!Eu não pretendo tanto. Até há pouco tempo nem me deixava sonhar. Mas algo mudou. Entraste na minha vida e tudo o que parecia cimentado desmoronou. Mesmo não querendo, sonho. Durante o sono, acordada, a trabalhar, no café, no restaurante. Embora simplista e egoísta caracterizo o meu sonho recorrente como uma Utopia: um lugar que não existe. O dia. Aquele dia. Que me dirás que és só meu. Que se lixe o mundo. Vamos olhar as estrelas juntos até deixarmos de SER.Os ponteiros dos relógios parariam. O movimento de rotação da Terra no seu eixo congelaria. A sua translação à volta do sol solidificaria. Um nanossegundo. Não! O tempo que demora um pensamento. Ninguém daria por este “soluço” na linha temporal. Só existiríamos nós. A nossa respiração. O bater do nosso coração descompassado. Silêncio… Shhhhh… Não ouves? Não?
É uma utopia amor…

Insignificante

Pequena. Miúda. Cachopa. Insignificante. Foi como me senti ao ler-te. O aperto na boca do estômago quando me revia na tua dor. As lágrimas nos olhos ao compartilhar a tua mágoa. E alguns, poucos, sorrisos por imaginar as palavras a saírem da tua boca. Tão pouco tempo passado e já te conheço tão bem. Ou não…
Não desistas. Nunca desistas!
És um cometa. Apareces e desapareces num instante e só um punhado de afortunados tiveram a honra de te contemplar. E mesmos esses, os que olharam para ti, poucos foram os que realmente te VIRAM.
Sentada no carro com o sol a bater-me na cara, a escrever num pequeno caderno de bolso que agora me acompanha. Hábito que ganhei por nunca saber quando poderei ter necessidade de falar contigo.
Sentimentos desonrosos, mesquinhos. Ciúme, Inveja. Daqueles que amas. Da praça, da cidade, do país que ganharam o teu amor sem nada terem feito por isso. Somente por existirem. Por fazerem parte de ti. Um mero acaso.
Raiva dos anos que viveste e que eu não presenciei.
Mera espectadora. Tudo o que pedia era ver-te ao longe distraído com as tuas tarefas quotidianas. Contemplar-te. Fantasiar-te. Devorar a tua existência com a minha imaginação.
Para bem ou para mal fazes parte da minha vida até ao dia que eternamente descansarei.
És uma tatuagem. Dolorosa mas perene na minha existência.
Como poderia um cometa não deixar um tão grande cunho em tão insignificante existência?

sexta-feira, novembro 23, 2007

Reiki – Equilíbrio da Aura

Cabeça de homem e emoções de mulher. As decisões, por muito que custem, têm de ser tomadas quando algo nos está a magoar e a deitar abaixo. Tem de haver uma paragem para equacionar se o prazer e/ou gosto que uma relação nos dá “cobre” o sofrimento que nos traz.
Pesar os prós e contras. Fazer as contas. Utilizar um raciocino lógico. Se A+B= C então C-A=B e por aí fora. Frio, calculista, desprovido de humanidade, talvez numa primeira abordagem. A dificuldade inerente da utilização desta lógica nas relações é não contar com as variáveis imponderáveis e ocultas. O problema pode ficar resolvido, mas as consequências da racionalização ficam.
Porém, neste momento as consequências da minha decisão serão mais benéficas que a teimosia de querer alguém que não me quer.
Sim mon chéri, desisto de te tentar compreender.
Desalinhas-me os chakras!

quinta-feira, novembro 22, 2007

Limão

Citrino amargo… A degustação deste fruto leva a uma reacção física incontrolável. A contracção do interior da boca, as pupilas gustativas recolhem em consequência, os olhos lacrimejam, a extremidades crispam e a cara prende num esgar cómico como uma criança pequena que fecha os olhos e se prepara para dar o seu primeiro beijo.
Experiência desagradável… E daí, talvez não… Existem pessoas que gostam de limão e o comem como se de uma laranja comum se tratasse…
Será que a estes humanóides têm uma fisionomia diferente dos demais? Será que partilham com alguns mamíferos a inversão do sentido de gosto e o amargo lhes sabe a doce? Ou será que o arrepio que lhes percorre o corpo e a exaltação dos sentidos lhes dá prazer?
A antecipação de um momento agridoce, sensações bipolares, algo de inesperado e inconsciente...
Há males que vêm por bem… E, ai, existem males que sabem tão bem!

terça-feira, novembro 20, 2007

O Porão


Esperando no escuro com a companhia dos especímenes mais repugnantes, vejo as paredes oscilar na minha direcção parecendo que se abaterão sobre mim a qualquer instante, para depois recuarem num contratempo lento e monocórdico que me enjoa e entorpece os membros.
Vozes lá em cima na proa. Ecos dos pés descalços. Ordens gritadas acima do som das ondas que colidem com o velho navio que já navegou os sete mares. Trinta graus a estibordo!!!
O som do vento nas velas soa ao sacudir dos lençóis à janela quando era criança… Quando tudo era simples e belo… A felicidade era e seria sempre, sempre minha…
A lembrança evapora-se com o som de algo que sacode violentamente a embarcação.
Sou projectada duma ponta do porão à outra. Caem-me em cima os barris de água doce e os sacos de farinha rompem deixando-me fantasmagoricamente branca … Agoiros do que está para vir…
Levanto-me desamparada, agarrando o ar aos trambolhões… Sinto os pés molhados… A bicheza começa a sair dos seus esconderijos num pânico desenfreado…
Olho para a porta no topo… Está num ângulo estranho… Não está direita… A sombra parece oblíqua… Gritos de dor… Gritos de Horror… Homens à água!!!! Alguém caiu à água. Ajudem os que caíram à água!!!!
Espera… A porta está torta. A água está-me agora pelos joelhos…
Vamos afundar!!! Estamos a afundar!!!!
O grito cria-se no fundo da garganta mas não sai… Nunca souberam que cá estava… Não me irão ouvir…
10 anos volvidos, todos cá entraram e nunca ninguém me viu, embora nunca me tenha escondido…

segunda-feira, novembro 19, 2007

Contrato Terapeutico AKA com um brilhozinho nos olhos

Com um brilhozinho nos olhos
e a saia rodada
escancaraste a porta do bar
trazias o cabelo aos ombros
passeando de cá para lá
como as ondas do mar.

Conheço tão bem esses olhos
e nunca me enganam,
o que é que aconteceu, diz lá
é que hoje fiz um amigo
e coisa mais preciosa no mundo não há.

Com um brilhozinho nos olhos
metemos o carro
muito à frente, muito à frente dos bois
ou seja, fizemos promessas
trocamos retratos
trocamos projectos os dois
trocamos de roupa, trocamos de corpo,
trocamos de beijos, tão bom, é tão bom
e com um brilhozinho nos olhos
tocamos guitarra p'lo menos a julgar pelo som

E que é que foi que ele disse?
E que é que foi que ele disse?
Hoje soube-me a pouco. [x4]
passa aí mais um bocadinho
que estou quase a ficar louco
Hoje soube-me a tanto [x4]
portanto,Hoje soube-me a pouco

Com um brilhozinho nos olhos
corremos os estores
pusemos a rádio no "on"acendemos a já costumeira
velinha de igreja
pusemos no "off" o telefone
e olha, não dá p'ra contar
mas sei que tu sabes
daquilo que sabes que eu sei
e com um brilhozinho nos olhos
ficamos parados depois do que não te contei

Com um brilhozinho nos olhos
dissemos, sei lá
o que nos passou pela tola [o que nos passou pelo goto]
do estilo és o "number one"
dou-te vinte valores
és um treze no totobola [és o seis do meu totoloto]
e às duas por três
bebemos um copo
fizemos o quatro e pintámos o sete
e com um brilhozinho nos olhos
ficamos imóveis
a dar uma de "tête a tête"

E que é que foi que ele disse?

...E com um brilhozinho nos olhos
tentamos saber
para lá do que muito se amou
quem éramos nós
quem queríamos ser
e quais as esperanças
que a vida roubou
e olhei-o de longe
e mirei-o de perto
que quem não vê caras
não vê corações
com um brilhozinho nos olhos
guardei um amigo
que é coisa que vale milhões.

E que é que foi que ele disse?...

Le Petit Prince - sabedoria inocente

"Les grandes personnes aiment les chiffres. Quand vous leur parlez d'un nouvel ami, elles ne vous questionnent jamais sur l'essentiel. Elles ne vous disent jamais: "Quel est le son de sa voix? Quels sont les jeux qu'il préfère? Est-ce qu'il collectionne les papillons?" Elles vous demandent: "Quel âge a-t-il? Combien a-t-il de frères? Combien pèse-t-il? Combien gagne son père?" Alors seulement elles croient le connaître. "
És uma miúda (27 anos)... És tão alta (1.78m)... És tão inteligente (QI -???)... Mensagens (y)... Mails (z)...
Chiffres, toujours les chiffres.... N'est pas Docteur Charmant?

domingo, novembro 18, 2007

Extra – Ordinária!

Porquê? Inteligente? E então que bem traz isso ao mundo? Pérolas a porcos…
Não quero ser Extra – Ordinária! Quero ser comum, vulgar, ORDINÁRIA!!!!!
Despreza-se tudo o que é diferente. Goza-se, repudia-se, castiga-se, humilha-se… Não! Mais não! Sempre tentei ser igual aos outros mesmo sabendo que não o era por uma qualquer razão. Tento, tento, tento mas sou sempre diferente. Existe sempre aquele momento que digo ou faço qualquer coisa em que a sobrancelha se levanta e o ponto de interrogação surge como um néon na testa do outro…
E depois começa… Devagar, devagarinho… A dor… Começa como um pequeno ardor incómodo na boca do estômago e vai sendo alimentado e cresce, cresce, CRESCE até me queimar toda por dentro e ficar reduzida a cinzas por dentro!!!!
Não QUERO NÂO QUERO NÂO QUERO!!!!!!!!!!

Duas solidões que se cruzam...

Quererá isto dizer que a minha vida se resumirá a uma trança de solidões entrosadas que passarão pela minha existência e que nunca encontrarei uma solidão que corra paralela à minha e não numa direcção diferente.
A intersecção pressupõe que duas linhas se cruzem em determinado ponto para posteriormente continuarem o seu trajecto para objectivos diferentes para nunca mais se unirem no mesmo ponto.
Merda! Porque não são duas solidões que se encontram e, em paralelo, correm tentando sempre manter o mesmo ritmo não ganhando avanço ou atraso em relação à outra?
Linhas paralelas? Será esse o conceito de almas gémeas? Não almas iguais, nem díspares, mas almas sós que ao se encontrarem desenham nas páginas da vida duas linhas paralelas?

quinta-feira, novembro 15, 2007

Tanta merda que sai deste "cérebro"

Releio coisas que já escrevi... Um monte de disparates românticos escritos por uma mente ingénua e amorfa que procura agarrar-se a qualquer pedaço de felicidade quer seja imaginado, utópico ou não. Não escrevo o que acredito. Escrevo o que quero acreditar. Ou melhor, o que querem que acredite. A vida vai melhorar, aprecia as pequenas coisas, há pessoas piores, blá blá blá.... A questão é que não acredito numa palavra disso. Com a sorte que tenho daqui a mês e meio estou desmpregada novamente, deprimo, fibromialgia piora, afasto as pessoas de quem gosto e resumo-me à minha insgnificância novamente. Mas desta vez NÃO!!!!!!! Como dizia Régio, não vou por aí.
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