Não me peças palavras, nem baladas,
Nem expressões, nem alma...Abre-me o seio,
Deixa cair as pálpebras pesadas,
E entre os seios me apertes sem receio.
Na tua boca sob a minha, ao meio,
Nossas línguas se busquem, desvairadas...
E que os meus flancos nus vibrem no enleio
Das tuas pernas ágeis e delgadas.
E em duas bocas uma língua..., - unidos,
Nós trocaremos beijos e gemidos,
Sentindo o nosso sangue misturar-se.
Depois... - abre os teus olhos, minha amada!
Enterra-os bem nos meus; não digas nada...
Deixa a Vida exprimir-se sem disfarce!
José Régio
domingo, março 30, 2008
Soneto de amor
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sábado, março 29, 2008
Excessos
Sou o tipo de pessoa que tenta ficar com o braço todo se me estendem a mão. Tenho pena de assim ser. Sobrecarrego as pessoas com as minhas carências e dúvidas incessantes.
A vida intriga-me. Quando não encontro resposta que me satisfaça perscruto tudo e todos que me rodeiam até o meu apetite voraz ser saciado.
Dizia-me a minha Tia: - Cristina, all good things come to those who wait. Incita-me a ser paciente e deixa-me sempre palavras sábias na caixa de e-mail para que saiba que mesmo nos piores momentos, as nuvens carregadas têm sempre um rebordo prateado.
Mas quanto tempo é tempo suficiente? Quando dizer basta? Já esperei demais! Vou fazer-me à vida!
Já tentei várias vezes forçar a minha entrada na vida. Fazer-me ver. Fazer-me sentir. Fazer-me ouvir. Gritar aos quatro ventos: Estou aqui! Quando me dás o benefício da dúvida?
Acabo por sentir que me estou a intrometer num sítio onde não tenho lugar. Onde não encaixo por ser inadequada. Mendigo atenção, mendigo trabalho, mendigo compreensão… Mendigo, mendigo, mendigo… Como pode alguém sentir-se bem consigo própria se nos despem do nosso orgulho, dignidade e valor como pessoa?
O meu Avô dizia: Quanto mais nos baixamos, mais o cu se nos vê… Sábio Homem!
Quanto mais me prostro perante os outros, quer na minha vida pessoal quer na minha vida profissional, mais ridícula me sinto perante os demais…
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quarta-feira, março 26, 2008
Perfeccionista? Eu?!
Como agora que embarquei num projecto maior que eu… Comecei ontem à noite e já foram gastas mais de 12 horas numa simples brincadeira que tem o intuito de, unicamente e só, agradar. Un petit hommage, por assim dizer.
Concluo que, com o incentivo certo, tem de estar tudo no seu melhor. Nenhum pormenor fora do sítio e nada deixado ao acaso. Sei, por experiências anteriores, que todo o trabalho a que me estou a dar nem vai ser verdadeiramente reconhecido ou, sequer, entendido. Mas cada um lida com a ausência como pode e decidi entreter-me com este meu pequeno (grande) projecto.
Sou, realmente, selectiva! Até nas coisas que julgo merecerem o meu empenho…
Se soubessem que, como recompensa, serve-me apenas um sorriso e um obrigado…
Mas perfeccionista… Bolas, olho para o meu dia a dia, para os meus hábitos, para tudo o que deixo pendente… A minha desarrumação real é sintomática da minha desorganização mental.
Disse-me um médico que tenho uma personalidade tipo A. A minha resposta imediata foi: - Não tenho não! Seguida duma gargalhada pensando em como sou desarrumada e preguiçosa. Depois disse-lhe: - Quer dizer, talvez nas minhas relações humanas… A forma que encontrei de como gerir os meus relacionamentos…
Olho-me de sobrancelha levantada como que a dizer: - Passou-se!
E ele é que tinha razão. Querer que algo humano seja perfeito?! Não admira que passe a vida a bater com a “cabeçorra” na parede…
Perfeccionista? Eu?! Nã!
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segunda-feira, março 24, 2008
Não tenhas medo…
Foram tantas as vezes que rimos juntos…
Chora no meu regaço e chorarei contigo. Não julgarei as lágrimas como mostra de fraqueza mas apenas de humanidade. Um luto, uma purga, um adeus silencioso.
Deixa-me ser o teu porto de abrigo como tens sido o meu. Descansa em mim. Recupera o fôlego para navegar mais um dia. Deixa-me afagar-te o cabelo enquanto descansas a cabeça no meu colo.
Se porventura receares que te considere menos, pensa que o meu amor por ti far-me-á considerar-te mais. Mais homem, mais verdadeiro, mais humano. Na amizade não existe espaço para orgulho. Só honestidade. Não só de palavras mas de sensações.
As pedras também se gastam e partem. A erosão assola-as diariamente e vão-se desgastando até restar apenas uns grãos de areia. Mas se essa pedra se resguardar, ficará protegida da corrosão e será eterna.
Nós somos responsáveis pelos laços que criámos. Tu és a minha rosa. Deixa-me cuidar de ti. Proteger-te do vento e dos animais selvagens. Fá-lo-ei com gosto e com todo o coração pois no teu bem-estar reside a minha felicidade.
Conta comigo sempre porque me conquistaste no dia que me fizeste ver que ainda existem seres verdadeiramente bons. No dia que me beijaste as faces ainda húmidas das lágrimas, sem uma palavra disseste: - Vai correr tudo bem… Eu agora estou aqui. Nesse gesto foi restaurada a minha fé na bondade humana. Deixa-me dizer-te o mesmo…
O meu ombro, esse, será sempre teu se o quiseres. Assim como o meu colo e os meus braços. Descansa. Encosta-te a mim e dorme meu anjo.
Vem refugiar-te no meu abraço.
Não tenhas medo…
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domingo, março 23, 2008
Brosga-se!!!!
Estava numa de decidir a minha vida quando pensei que a solução mais viável para sair deste ciclo vicioso em que me encontro é tornar-me freira.
OK, ir à missa é chato… Mas pior é ter quase 30 anos e viver à conta dos meus pais! Haverá melhor patrão que Deus? Não chateia, não pede que atinjamos objectivos no fim do mês e o dinheiro é certinho. Para além disso temos as regalias. Roupa, casa e comida. Tudo à conta do Senhor.
Assim como assim, a minha vida continuaria similar.
Pensada a hipótese, estava eu na Internet a fazer o pré-registo nas Irmãs da Eterna Abstinência quando me chega aos ouvidos que existem, agora, por decreto papal mais 6 pecados mortais… Ora bolas… Até concordo com a maioria mas acho que exageraram um pouco. Senão vejamos:
Pedofilia: certíssimo! Não poderia deixar de concordar com este. Contudo preocupa-me um pouco o que vai ser da Igreja quando os padres começarem a morrer… Sobrelotação do Inferno, talvez?
Aborto: pois claro! Então, não é para criar os filhos que os pais não quiseram que existem as magníficas instituições do Estado e da Igreja. As mesmas Instituições que tratam as crianças como seres individuais e lhes dão as melhores condições possíveis? E para quê facilitar os processos de adopção? Já se sabe que ali é que estão bem… Agora ir para casa de seres pecaminosos, isso é que não!
Riqueza exacerbada: Esta era óbvia… Todos sabemos que ninguém fica bilionário sendo honesto… É certo e sabido que existe má fé em pessoas que têm dinheiro que chegue para sustentar 3 países do 3º mundo. Eu até deixei de jogar no euromilhões com pavor de pecar! Querem ser exacerbadamente ricos? Então ganhem o dinheiro de forma honesta e com escrúpulos como a Igreja tem feito ao longo dos tempos! Preguiçosos!
Tráfico de droga: Esta deixou-me com dúvidas. Mas depois de ler a razão que leva a Igreja a apontar este pecado fiquei esclarecida. Não é que estes malandros ao traficarem droga fazem com que grande parte dos jovens deixe de ir à missa. Assim está muito bem! Nada de desviar as ovelhas para fora dos caminhos do Senhor…
Manipulação genética: Muito bem! Bravo! Se estamos geneticamente codificados para morrer uma morte lenta e agonizante de um qualquer cancro, não têm nada de andar a ir contra a vontade de Deus! Que mania… Se a Igreja soubesse o que sabe hoje tinha nos tirado o livre arbítrio e pronto, não eram precisos tantos pecados e mandamentos e o camandro!
Poluição ambiental: ora porra… Aqui é que a porca torce o rabo… Então e eu? Quer dizer não tenho culpa de sofrer de colite espástica! Não posso ir me confessar cada vez que poluo o ar! Das duas uma, ou começo a tomar cargamentos de comprimidos de carvão ou estou condenada ao fogo eterno…
Já não posso ser freira. È que nos conventos existe muito eco…
Também, com toda a honestidade, não me estou a ver no Céu. Não conheço lá ninguém…
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quarta-feira, março 19, 2008
Inundação
Dejectos e podridão mancham as águas que tanto custaram limpar…
Restos de naufrágios vieram ao de cima soltando os espectros que há muito viviam nas profundezas…
Animais moribundos flutuam à superfície envenenados pelas impurezas que agora lhes corre no sangue…
À costa deram os últimos dobrões dos galeões espanhóis. Os espólios de centenas de barcos piratas espalhados pela areia reluzem ao sol. A Armada Invencível há muito foi vencida restando apenas as figuras da proa apodrecendo junto às rochas…
Ao fundo num penedo canta a sereia lembrando-se dos dias que seduzia os marinheiros e os levava para a sua sepultura aquosa.
Neptuno e Poseidon jazem mortos depois de terem travado uma batalha titânica milenar a qual criou um tsunami que ainda hoje varre o mundo num ciclo ininterrupto de destruição.
No entanto, aqui debaixo impera o mais profundo silêncio…
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segunda-feira, março 17, 2008
Clarividência ou "Udyat" - Olho de Hórus
Antes de mais, quero dizer-te que aquela patologia de que te falava e que me atormenta durante a noite – o bruxismo – não me dá capacidades psíquicas. Dá-me, no entanto, umas brutas dores na mandíbula de tempos a tempos…
Dizes ter encontrado, de certa forma, a minha versão masculina. Enfim, que essa “personagem” te provoque borboletas na barriga, te faça sorrir e te preencha os pensamentos acaba por ser, por suposição, um elogio velado a mim…
Concordo com as elações que tiraste dele. Talvez a perspicácia não seja uma característica só minha e dele… És uma pessoa inteligente e para entendermos os outros basta estarmos atentos, n’est pas? Hum?
Previsões? Que piada teria a vida se te dissesse o que te espera? Mudarias a tua forma de agir? Alterava as tuas vontades? Irias contra aquilo que a tua intuição te diz? Conhecendo-te, sei bem que não e que ao solicitar este texto, apenas me pedias que te dissesse: - Não tenhas medo! Vai em frente! Se não nos dispusermos a amar, nunca o conseguiremos fazer em pleno!
Lembras-te quando te dizia que, na minha opinião, nunca tinhas amado porque não sabias o que era dar-te “sem rede”? Que esperava com todo o coração que surgisse alguém que te quebrasse as barreiras e te deixasse com um sorriso parvo na cara?
Pois é, ontem estavas com uma sorriso parvo na cara!
Não, não te vou dizer o teu futuro nem especular, como muito bem faço, sobre as variadas possibilidades que te poderão surgir daqui para a frente.
Deixo-te, apenas e só, a minha vontade que sejas extraordinariamente feliz. Que ames com tudo o que tens e te deixes ser amada da mesma forma. Nunca exijas menos do que tudo de ti própria e dele. E uma coisa sei, têm os dois a capacidade de se darem sem régua e esquadro!
Como te adoro não pude deixar de escrever qualquer coisa. Mas não te posso dar o que não tenho: clarividência…
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domingo, março 16, 2008
Vesti la giubba
Recitar!
Mentre preso dal delirionon so più quel che dico e quel che faccio!
Eppure... è d'uopo... sforzati!
Bah, seti tu forse un uom?
Tu sei Pagliaccio!
Vesti la giubba e la faccia infarina.
La gente paga e rider vuole qua.
E se Arelcchin t'invola Colombinaridi, Pagliaccio e ognun applaudirà!
Tramuta in lazzi lo spasmo ed il pianto;in una smorfia il singhiozzo e 'l dolor...
Ridi, Pagliaccio, sul tuo amore infranto,ridi del duol che t'avvelena il cor!
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sábado, março 15, 2008
A cara tem cara?
A intensidade do monólogo… Os gestos exacerbados… A dor espelhada no espelho…
Os cadernos de memórias e as frases espalhadas - pistas de como viver a vida… Onde? Entre os livros, claro… O legado que lhe foi possível deixar nos momentos que “estava presente”… Filha de professora que questionava tudo utilizando jogos de palavras inteligentes para demonstrar como por vezes simplesmente não se entende o funcionamento do mundo. Falhou a professora ao tentar ensinar a filha a viver…
Os foguetes no peito e o frio do fim da tarde… A revelação final em jeito de “Aparição” de Virgílio Ferreira… Ela era o reflexo da mãe… Aquilo em que, ultimamente, a mãe não queria que ela se transformasse…
Também ela, com o tempo, teve a necessidade da mãe de se “ausentar” e, mimicando o gesto que viu vezes sem conta, dava de beber à dor que não era a dela, mas a deixada com herança pela figura materna. O esforço de tornar a filha melhor e maior que ela própria. Torná-la forte e destemida. “Faz o que te digo, não faças o que faço”… Invariavelmente, iremos fazer o que vimos ser feito e repudiar o que são apenas palavras sem acção ou conteúdo.
As horas… Disse-me ele, em tempos, que existe um tempo certo para cada coisa… Serão então horas…
As vinganças da criança que apenas e só queria ser isso mesmo, uma criança. Os lençóis, a roupa, a carpete, as pinturas desarrumadas no piso proibido. Desfazer rapidamente o mal que lhe soube tão bem para depois “arrumar a cara”… A cara tem cara?
À Sofia digo apenas: os anjos não têm costas…
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sexta-feira, março 14, 2008
Se ao menos…
É confortável acharem que sou e eternamente serei nada. Assim não existem expectativas… É o meu pequeno segredo sujo. Para quê ser mais? Subvalorização, infantilização, negação, rejeição? Se se acharem superiores a mim não sou atacada.
Uma palhaça que não consegue manter uma conversa séria durante 2 minutos sem baixar o nível… Mantenho mais pessoas à minha volta desta forma do que mostrando a minha verdadeira essência…
A inteligência e cultura que me acusam de ter são factores de distanciamento e intimidação de que não preciso.
Na sociedade em que vivo e, especialmente, na geração em que me insiro não existe espaço para se ser uma pessoa interessada em aprender e desenvolver-se. Então utilizo a velha máxima: “Em Roma, sê romano”.
Aprendi há uns anos que o conhecimento é um vício. Quanto mais se sabe mais se quer saber…
São poucos os que me compreendem verdadeiramente. E ainda menos os que sabem lidar comigo sem medo…
Já fiz o erro colossal de ter a meu lado uma pessoa que não me compreendia e que me receava. Contentei-me com menos por medo da solidão. É um engano que não tenciono repetir. Continuo a não gostar de estar só mas vislumbro o meu futuro dessa forma. Antes sozinha que mal acompanhada. Assim só sofro eu. Não infernizo a vida de mais ninguém…
Se ao menos…
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terça-feira, março 11, 2008
Pensamento positivo
Meu amigo, os meus pensamentos não têm carga iónica. Não têm cargas positivas nem negativas. Apenas são resultado dos sentimentos que as experiências me transmitem.
Outrora fui pessimista. Melhor, catastrófica! Pensava que o mundo andava de candeias às avessas comigo e que nada me iria correr bem. Mas sabes que aprendo com alguma rapidez e tive um bom professor. Fez-me entender aquilo que para muitos parece intuitivo. Nas palavras de Mark Twain: Don't go around saying the world owes you a living; the world owes you nothing; it was here first.
Claro que pelo post anterior depreendes que estou triste e confusa. Julgo ser natural que, as coisas não correndo de feição, tenhamos momentos menos bons.
Conheces-me o suficiente para saberes que não gosto de me sentir confusa e que gosto de clareza quer em termos de trabalho, quer em termos de relações humanas. Contudo nem sempre é assim e tenho de aprender a lidar com os imponderáveis. Tenho de crescer. Tão simplesmente faz parte do tornar-me adulta…
Nestas alturas em que sentimos o nosso valor minimizado e o nosso amor-próprio diminuído, realmente nada nos resta fazer senão acreditar que os antigos sabiam o que diziam...
Não há bem que sempre dure nem mal que não se acabe.
Obrigada amigo.
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domingo, março 09, 2008
Autodestruição
Não tendo raiva ou ódio como bode expiatório não sei quem culpar por esta dor. Já não me recordava que era esta a sua violência. Se soubesse que me ia sentir assim não me tinha obrigado a tomar aquela decisão.
Não falando do assunto, tento com todas as minhas forças aparentar normalidade. Faço rir os outros com tal intensidade que choramos em conjunto. A diferença é que eu não choro de riso…
Ontem bebi tanto, mas tanto que fiquei num estado dormente e letárgico e, mesmo assim, a dor não passou. Hoje nem me levantei. Passei o dia no sofá a sentir um terror imenso. Até a dormir os pesadelos são tais que acordo lavada em lágrimas e encharcada em suores. As dores físicas levam-me a vomitar 5 a 6 vezes por noite.
Tenho vontade de me magoar. Punir-me. Magoar os outros. Mandar tudo e todos à merda. Fazer o que for necessário para não sentir esta imensidão de dor que nem compreendo de onde vem.
Sei que a escolha que fiz era a única racional e correcta para o bem-estar dos dois. Questiono-me, agora, se estou preparada para as consequências reais que trará para o meu dia-a-dia.
Perguntava-me que fazia eu durante a semana. Não lhe poderia dizer que, para mim, a restante semana era apenas tempo a passar até que chegasse, de novo, o nosso dia. E agora? Que vão ser as minhas semanas? Os meus meses? Se a força que me impelia a andar para a frente cessa de existir como tal… Era ele a minha força motriz…
Tudo o que não lhe dizia era completamente desprovido de interesse e o culminar da espera da semana, acalmava-me e preparava-me para mais uma.
Ainda passou tão pouco tempo e já começo a voltar ao velho eu. Discussões e violência verbal para com o meu pai. E até com a minha mãe que é quem menos merece e não entende a razão de estar a ser atacada. Fora a noite de ontem de que não me pude livrar por estar combinada, por mim, há imenso, fujo dos meus amigos porque não me apetece estar a fingir.
Estou aterrorizada. Completamente. Se me sinto assim passadas escassas horas, o que vai ser de mim quando o tempo for passando, o dia aproximando-se e eu, a raposa, não verei o meu principezinho à hora do costume?
Será que me precipitei? Será que ainda não estou pronta para “voltar ao mundo”? Estarei longe de saber viver ainda e, por isso, estar a ser acometida incessantemente de dúvidas da viabilidade desta escolha?
Que fui eu fazer?
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sexta-feira, março 07, 2008
Coração de pedra
Coração empedernido… Acho que nenhuma expressão poderia reunir de forma tão exacta a pessoa em que me tinha tornado quando me dirigi a ti à procura de ajuda.
Fizeste-me sentir novamente. O bom e o mau. E soube tão bem! Voltar a ter vontade de viver! Ver cada dia como um mistério à espera de ser solucionado. Um desafio contínuo.
Comecei a ver cores para além do preto e o branco que pautavam a minha vida. As auras das pessoas começaram a ter cores mais vívidas e deixei de ver cada ser como uma fonte potencial de dor.
Como se me tivesses beliscado para sair do torpor onde me tinha refugiado, fizeste-me entender que até o sofrimento é bom de se sentir porque nos relembra que estamos vivos! Perante as adversidades reaprendi a rir-me e dizer: - aquilo que não nos mata torna-nos mais fortes! Por isso, venham elas que cada uma que enfrentar só me preparará para as inúmeras que estão para vir…
Obrigada por isso e por tudo, mas tudo, que me ensinaste.
No entanto, estou a anos-luz de ter conhecimento e maturidade suficiente para saber viver. Sei que vacilarei e que me sentirei tentada a fugir novamente.
Nesta altura impõe-se um “luto”. Um momento onde me fecharei em mim própria para sofrer. Desta vez não poderei contar com a ajuda ou compreensão de ninguém. É um assunto só meu.
Muito contra a minha maneira de ser não faço previsões do que sairá desta experiência. Não tenho como. É tudo novo! Até esta forma de sofrer, sem “ombros onde chorar”, me é completamente desconhecido.
Sofrerei o que necessário for, na certeza porém, que lutarei para não voltar a ter um coração de pedra!
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terça-feira, março 04, 2008
Desarrumação Mental
Desta vez não tive vontade de rir. Não levei as coisas na boa. Nem sequer mexi no baralho. Mas não me deixei ir abaixo. Sim, houve lágrimas. Mas essas, a mim, só me serviram de purga.
Sentir que não se é suficiente é um assunto delicado. Mexe com tudo aquilo que nós somos. Um rombo daqueles no amor-próprio. À partida não agraciada com um bastante forte, este desaire abala-o até aos alicerces.
Por um lado não quero acreditar no que me diz. Quero pensar que se trata de cansaço e pouca vontade de voltar a investir às cegas. Deixar algo sólido e confortável por algo incerto e em fase embrionária. Negar a possibilidade da existência de um sentimento nobre para não ter de lidar com ele….
Como jogar a roleta russa. O cilindro da arma roda e o coração aperta. Talvez o mais inteligente seja mesmo nem sequer o jogo. Entendo isso.
Mas até que ponto devemos nos acomodar à vida se poderá existir mais felicidade para além das escolhas que ficaram até hoje?
A minha intuição diz-me que as palavras que li não são toda a verdade. Que para além daquilo que foi escrito existem palavras e vontades que são caladas.
Jamais teria coragem de verbalizar esta desconfiança por achar que pareceria de todo prepotente da minha parte. Posso estar completamente enganada e estar a ler os indícios com a visão toldada pelo sentimento forte que precipitou toda esta confusão. E sendo esse o caso, falar da minha intuição levar-me-ia a ouvir algo descomunalmente doloroso e humilhante.
Sei que jamais nos devemos sentir embaraçados pelos nossos sentimentos. Ainda mais se a sua intenção final é, somente, ser-se feliz e fazer-se o outro feliz. No entanto perante uma resposta lancinante do receptor à confissão, é humano sentirmo-nos minimizados e impróprios.
Estou dorida e confusa. Não sinto revolta, raiva ou vontade de fugir.
Esta desarrumação mental persiste apenas num quadrante da minha vida que, por acaso, é o mais difícil de arrumar. Bem, espanador e aspirador na mão, arregaça-se as mangas e vamos a isso!
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segunda-feira, março 03, 2008
Never
All my basic thoughts and instincts are formed in English although I lack the vocabulary to truly articulate what has been twisting in my head.
I’m wounded quite badly. I can’t seem to find a way to stop the internal haemorrhaging that this last cut started.
I’m a fool. And as any fool will tell you, we often see and feel things that aren’t real because all our atoms wish it to be so. Wishful thinking, I presume.
After all was said and done, I hoped that this time it wasn’t lust but maybe, just maybe, something nobler.
Wrong again. And sooner than later I got the confirmation that it was a child’s illusion and I was humbled once more.
Feeling humiliated and tiny I dragged my beaten body to bed and laid there staring at the ceiling, listening to the songs that I chose to be the soundtrack of yet another lost fight in my life. I was defeated and crushed without even having lifted my fists once. I gave up before the bell rang.
Never… Such an overwhelming word. Leaves you feeling you’ll never be enough. Never be good enough. Never be smart enough. Never be interesting enough. Never be beautiful enough.
All life will change. The people that surround you will come and go. Reunions with old friends. New found acquaintances. And during all those years you will never be enough. At the back of your head the words will be dancing and whispers will come to you now and again: you just weren’t enough.
You might even spend some years without remembering those words that are now burning in your chest and mind. But one day, when you least expect it, you’ll hear the song echoing in your ears at this precise moment and it will all come back to you. The fight you lost because you were never enough…
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(A)Deus
Porque nos damos ao trabalho de sonhar se o resultado final é sempre o “rebentar da bolha”?
Porque acreditamos naquilo que não é visível ou tangível se quando toma forma está sempre aquém da alucinação que nos fez feliz?
Como heroínomanos procurando colmatar a ressaca de existir, a vida torna-se a demanda constante e ininterrupta da trip perfeita. A derradeira viagem que fará com que o vício tenha valido a pena. Aqueles momentos de Nirvana que fazem com que tudo o resto não pareça tão cinzento e despido de humanidade.
A dor inerente à entrada da agulha na carne só amenizada pela ânsia de voltar ao interior de nós onde nunca ninguém entrou e onde o sofrimento não tem lugar.
A consciencialização que somos só isto. Nada mais.
Tentativas vãs de fugir à mortalidade que faz de nós seres mais putrefactos a cada badalada do relógio da torre da Sé. Querermos ser mais que simples larvas em dormência e estrume.
Sentirmos que somos, por vezes, Atlas. Destinados a uma eternidade com o céu às costas quando, na realidade, o mundo é completamente ignorante à nossa existência.
Turbilhões internos levam-nos a, distraidamente, tropeçarmos sempre no mesmo buraco da calçada que sabemos existir desde os primórdios dos tempos. Caímos. Levantamo-nos. Sangramos. Lambemos as feridas. Saram. Cicatrizam deixando a lembrança das quedas passadas e vindouras…
(Há)Deus?
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